A tempestade tropical Alex deve virar furacão nesta terça-feira, gerando ventos e ondas que possivelmente atrapalharão a operação de combate ao vazamento de petróleo em um poço da BP no fundo do Golfo do México.
As ações da BP caíram mais 1,7% em Londres, um dia depois da notícia de que o Fed (Banco Central dos EUA) está investigando possíveis riscos representados para a empresa para o sistema financeiro, e depois de a BP desmentir uma notícia divulgada pelo governo russo de que a companhia estaria planejando demitir o seu presidente-executivo.
Analistas da JPM Morgan Cazenove disseram que a queda nas ações da BP, atualmente na sua menor cotação em 14 anos, torna a empresa propensa a ser comprada.
"O mercado perdeu de vista o valor intrínseco (...) numa empresa rica em patrimônio como a BP. Duvidamos muito que agentes do setor com olhos atentos tenham perdido de vista o valor da BP", escreveu o analista Fred Lucas a seus clientes, citando Exxon Mobil e Royal Dutch Shell como os compradores mais prováveis.
A maioria dos analistas até agora considera que a BP dificilmente será adquirida enquanto houver dúvidas sobre os gastos que terá por causa do acidente no Golfo.
O vazamento chega ao 71º dia sem uma perspectiva clara de terminar. O impacto ambiental e econômico (principalmente para pesca e turismo) continua crescendo em quatro Estados da costa sul dos EUA.
A tempestade Alex deve se afastar lentamente da Península do Yucatán (sudeste do México) e, passando sobre o sul do Golfo do México, fará uma curva para noroeste, distanciando-se das principais instalações petrolíferas da região. Ainda nesta semana, o Alex deve voltar à costa mexicana, desta vez na região da fronteira com os EUA.
O sistema não deve atingir diretamente a operação de captura do óleo que vaza, nem a escavação de dois poços auxiliares que no futuro permitirão tampar o vazamento, segundo executivos da BP em Houston.
Mas ondas de até 4 metros podem provocar o adiamento da instalação de um terceiro sistema de captura de óleo, que tornaria a operação bem mais eficiente, disse o vice-presidente-executivo Kent Wells.
O governo dos EUA estima que 4,2 a 7,2 milhões de litros de petróleo estejam vazando diariamente. A BP consegue atualmente recolher 3,3 milhões de litros, e espera elevar esse volume para 6,4 milhões de litros, segundo Wells.
O executivo disse que a escavação dos poços auxiliares, com conclusão prevista para agosto, irá continuar "a não ser que, infelizmente, uma tempestade se encaminhe diretamente para a nossa direção."