O furacão Wilma se tornou nesta quarta-feira o mais violento já registrado no Atlântico. Depois de matar dez pessoas no Haiti, ele se desloca para o oeste de Cuba e a Península do Yucatán, no México, numa rota que pode levá-lo também à Flórida.
Já são 21 tempestades nesta temporada. Alimentado pelas águas quentes do noroeste do mar do Caribe, o Wilma chegou à alarmante categoria 5, o topo da escala Saffir-Simpson. O Centro Nacional de Furacões dos EUA disse que há ventos regulares de até 280 km/h e rajadas eventualmente mais fortes.
Um avião de reconhecimento da Força Aérea americana identificou uma pressão mínima de 882 milibares, o menor valor já identificado na bacia do Atlântico. Isso significa que o Wilma é mais violento que qualquer outra tempestade já vista, inclusive o Katrina, que devastou Nova Orleans no fim de agosto, e o Rita, que atingiu o litoral do Texas e da Louisiana em setembro.Honduras, onde mais de mil pessoas morreram neste mês devido ao furacão Stan, está em alerta. O mesmo vale para a região do Yucatán, para Cuba e para as Ilhas Cayman.
O Wilma matou até dez pessoas vítimas de deslizamentos no desmatado e miserável Haiti, que teve vários dias de chuva forte, segundo a Defesa Civil local.
O furacão deve provocar até 64 centímetros de chuva em partes montanhosas de Cuba. Na Jamaica e nas Cayman (uma rica colônia britânica ao sul de Cuba), os meteorologistas prevêem até38 centímetros de chuva. Em Honduras e no México, a precipitação deve ficar em 30 centímetros, segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA.
As 8h (10h em Brasília), o olho do furacão estava cerca de 550 quilômetros sudeste de Cozumel, México. Ele avança no sentido oeste-noroeste a 13 km/h, mas deve fazer uma curva para noroeste nas próximas 24 horas. Uma vez no sudeste do golfo do México, o Wilma deve fazer uma guinada para nordeste e tomar a direção da Flórida.
Esse furacão não deve ameaçar Nova Orleans nem o Mississippi, onde o Katrina matou mais de 1.200 pessoas e causou mais de US$ 30 bilhões em prejuízos cobertos por seguradoras.Ele também deve passar ao largo das instalações de gás e petróleo do golfo do México, que ainda se recuperam do Katrina e do Rita.
Mas a cotação do suco de laranja congelado no mercado futuro fechou na terça-feira no maior valor em seis anos, devido aos temores de que o Wilma destrua os laranjais da Flórida, que só agora começam a se recuperar dos furacões que inutilizaram 40% da safra do ano passado. A Flórida sofreu quatro furacões no ano passado e neste ano já registrou a passagem do Dennis, do Katrina e do Rita.
Em Cuba, a província de Pinar del Rio (oeste), conhecida pelas plantações de tabaco, se prepara para fortes chuvas. Mais de cinco mil pessoas foram retiradas das suas casas no leste da ilha, onde dois dias de chuvas causaram inundações e deslizamentos nas províncias de Guantánamo, Santiago e Granma.