Pânico atinge vários países
Quase tão rápido quanto o avanço das ondas do tsunami sobre o Japão, o pânico se espalhou pelos quatro cantos do mundo. Tudo indica que a acomodação da placa Pacífica em relação à placa vizinha Norte-Americana tenha feito com que o país testemunhasse o pior tremor no país desde que os registros são realizados [até então, o maior tinha atingido 8,5 graus, em Sanriku, no ano de 1896, matando 27 mil pessoas], segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
Tremor foi equivalente a 16 mil bombas atômicas
De acordo com números do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), a energia liberada pelo principal tremor que atingiu o Japão, (que teve magnitude 8,9 na escala Richter) seria comparável à detonação de 16 mil bombas atômicas como a que atingiu Hiroshima na Segunda Guerra Mundial, em 1945.
O valor é semelhante à explosão de 10 bilhões de toneladas de TNT. A energia equivale à produzida no mundo todo durante um mês.
A força do tremor foi tão grande que deslocou o eixo da Terra em 10 centímetros.
Comparados a outros fenômenos semelhantes, o terremoto foi 707 vezes mais forte do que o que arrasou o Haiti em 2009. Segundo o sismólogo Lucas Vieira Barros, o fenômeno foi 10 mil vezes mais intenso do que o tremor sentido em Goiás, em outubro do ano passado um dos mais fortes registrados em solo brasileiro, com magnitude 4,6.
As ondas que chegaram à costa do Japão atingiram picos de até 10 metros de altura, equivalente a um prédio de quatro andares.
Carlos Coelho
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Pequim - O pior terremoto já registrado na história do Japão atingiu ontem a costa nordeste do país, deixando centenas de mortos, criando um enorme tsunami no Pacífico e provocando danos em usinas nucleares. Ondas de 10 metros arrasaram casas, carros, barcos e plantações como se fossem maquetes.O abalo de 8,9 graus na escala Richter ocorreu por volta das 14h46 locais (2h46 em Brasília) e devastou principalmente a cidade portuária de Sendai (1 milhão de habitantes, a 300 km de Tóquio) onde, segundo relatos não oficiais, 300 corpos já haviam sido resgatados até as 21 horas de ontem (horário de Brasília).
Foram registrados ao menos 70 tremores posteriores um deles, de 7,4, suficiente para provocar mais estragos.
Ao longo do dia, surgiram relatos de risco de vazamento em usinas nucleares. Em uma delas, em Fukushima, no nordeste do país, foi detectada radioatividade mil vezes superior à normal após o sistema de refrigeração falhar, devido ao terremoto.
Um alerta de emergência oficial foi emitido para a usina, e um vapor levemente radioativo que, segundo as autoridades, não é prejudicial aos seres humanos deve ser liberado para tentar aliviar a pressão no reator.
Porém o premier japonês, Naoto Kan, pediu que a população num raio de 10 km em torno da usina saia do local e admitiu risco de vazamento. Milhares de pessoas devem deixar suas casas.
Em outra usina, perto de Sendai, um incêndio foi rapidamente debelado. Ao menos um quinto da produção elétrica das usinas nucleares do país parou. Na cidade de Ichihara, uma refinaria da empresa Cosmo pegou fogo.
Rastro de destruição
O tsunami que atingiu a costa japonesa deixou um rastro de destruição em Sendai, Kamaichi, Natori e outras cidades litorâneas menores. A água arrasou o que havia pela frente por centenas de metros terra adentro.
Em Tóquio, o caos tomou conta da cidade. Assustadas com os fortes tremores, milhares de pessoas ocuparam as ruas à espera de notícias. Faltou luz na cidade, e telefones celulares pararam de funcionar; trens e metrô não circularam por toda a tarde.
Segundo a polícia metropolitana, mais de 25 mil pessoas não conseguiram voltar para casa e foram obrigadas a ficar na rua ou no trabalho. Para abrigá-las, escolas e ginásios abriram suas portas.
O Aeroporto Internacional de Narita, o mais utilizado para viagens de outros países para o Japão, retomou no início da noite alguns dos voos cancelados durante o dia. O acesso por autopistas até o aeroporto, localizado na Grande Tóquio, estava interditado. Os danos só não foram maiores porque o Japão é considerado o país mais bem preparado do mundo para enfrentar terremotos.
Normas para a construção civil adotadas nos anos 80 foram reforçadas depois do terremoto de 7,3 graus que atingiu Kobe em 1995, matando mais de 5 mil pessoas.
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