Um albergue de asilados ainda vazio da Baviera foi alvo na noite de quarta-feira de um ataque incendiário, que aparentemente trata-se de outro caso de agressão na Alemanha contra um centro de amparo de refugiados, em construção ou já em funcionamento.
Os dois acessos das dependências, na cidade bávara de Reichertshofen, ficaram danificados pelas chamas como consequência do incêndio provocado, informaram nesta quinta-feira fontes policiais.
Não se descarta um cenário xenófobo, já que recentemente ocorreram protestos contra o amparo de refugiados nessa cidade, acrescentou um porta-voz policial.
O incêndio aconteceu de madrugada e foi visto por um morador, que alertou os bombeiros.
Os danos provocados nas dependências e em um edifício vizinho, que além disso ficou afetado, são estimados em 150 mil euros, segundo os primeiros cálculos.
O centro de amparo estava preparado para receber 67 refugiados e o ataque incendiário lembra o ocorrido no albergue da cidade de Tröglitz (leste da Alemanha), em abril, que ficou inutilizado pelas chamas.
Também nesse caso tratava-se de um albergue ainda vazio, que foi destruído após meses de protestos e inclusive manifestações perante a casa do prefeito local, que acabou renunciando entre ameaças de morte da extrema-direita.
Os ataques contra centros de asilados dispararam nos últimos meses e ontem mesmo foi informado que outro desses albergues, próximo à cidade de Leipzig (leste), foi atacado a tiros duas noites consecutivas.
Nesse caso tratava-se de dependências pagadoras em um antigo hotel da cidade de Böhlen já em uso, embora nenhum de seus 150 residentes tenha ficado ferido.
A Anistia Internacional condenou hoje, através de um comunicado, o ataque incendiário ao albergue bávaro, ao mesmo tempo que pediu que os políticos respondam com contundência perante a violência contra os que vão para Alemanha na busca de proteção.
Segundo o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, a Alemanha registrou em 2014 um total de 990 atos violentos de motivação ultradireitista, 24% a mais que em 2013, com um aumento “mais que alarmante”, em palavras do ministro, dos ataques a albergues de refugiados.
O relatório, elaborado com a estatística dos serviços secretos de Interior, recolhia 170 delitos contra esses albergues, desde casos de propaganda a danos, frente aos 55 do ano anterior.
A Alemanha recebeu em 2014 um número recorde de refugiados, mais de 200 mil, e segundo estimativas, neste ano esse número será amplamente superado.