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Representantes dos países convidados para participar da conferência de paz da Síria comparecem ao primeiro dia das negociações em Montreux, na Suíça | Jamal Saidi/Reuters
Representantes dos países convidados para participar da conferência de paz da Síria comparecem ao primeiro dia das negociações em Montreux, na Suíça| Foto: Jamal Saidi/Reuters
  • Fumaça é vista em estação de ônibus depois de um suposto bombardeio em Aleppo
  • Lakhdar Brahimi, enviado da ONU à Síria, e Ban Ki-moon
  • Ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moualem

O exército e a oposição entraram em conflito ontem em diferentes partes da Síria ao mesmo tempo em que as negociações de paz com o objetivo de traçar um caminho para encerrar a guerra civil no país começaram com problemas. Reunidos em Montreux, na Suíça, líderes mundiais expressaram divergências em relação ao futuro do presidente Bashar Assad que ameaçam aniquilar as probabilidades de acordo antes mesmo de as discussões começarem.

A agência estatal de Notícias, Sana, afirmou que as forças do governo combateram "terroristas" em toda a Síria, incluindo na província de Idlib onde combates da oposição vindos da Chechênia, Egito, Bósnia e Iraque foram mortos. A Sana sempre se refere aos combatentes da oposição como "terroristas".

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, abriu a conferência de paz na Suíça dizendo que os desafios à frente são "colossais".

A disputa sobre o destino de Assad lançou dúvidas sobre o propósito de formar um governo de transição na Síria que possa dar prosseguimento a eleições democráticas no país dominado por lutas que já deixaram mais de 130 mil pessoas mortas e milhares de refugiados.

Em Montreux, parece quase impossível que os líderes cheguem a um acordo. Para começar, delegados de Assad e da Coalizão Nacional Síria, apoiada por países do ocidente, reivindicam o direito de falar pelo povo sírio.

Os EUA e a oposição síria abriram a conferência dizendo que Assad perdeu a legitimidade quando atacou o protesto do movimento pacifico contra seu regime.

A resposta síria foi firme e áspera. "Não haverá transferência e o presidente Bashar Assad permanecerá no poder", afirmou o ministro sírio da Informação Omran al-Zoubi, após os discursos do dia.

O ministro de Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moualem, acusou os terroristas e seus aliados externos de destroçarem o país. O ministro excedeu seu tempo de discurso, foi alertado pelo secretário da ONU, mas se recusou a deixar o pódio apesar dos numerosos pedidos de Ban.

Embate - Secretário-geral das Nações Unidas discute com chanceler sírio

Das agências

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se desentendeu ontem com o ministro das Relações Exteriores da Síria, quando tentou encurtar o discurso da autoridade síria durante a conferência de paz.

O chanceler Walid al-Moualem já havia falado o dobro do limite de dez minutos nas negociações que ocorrem na Suíça quando Ban o interrompeu para pedir que concluísse seus comentários, mas a intervenção se mostrou infrutífera.

"Você falou por 25 minutos", respondeu Moualem. "Eu peguei um voo de 12 horas para cá. Preciso de alguns minutos para terminar o meu discurso."

"Você poderia apenas concluí-lo em um ou dois minutos?", disse o secretário-geral.

"Não, não posso prometer. Preciso terminar o meu discurso", afirmou Moualem, que usou seu pronunciamento para acusar os rebeldes de estripar mulheres grávidas, estuprá-las vivas ou mortas e de bombardear mesquitas.

Ele também disse aos participantes que cabe aos sírios escolher seu líder e não às potências estrangeiras, que pedem a renúncia de Assad.

Ban afirmou que teria de dar aos outros oradores mais tempo se Moualem não parasse, um apelo que também fracassou em impressionar o ministro sírio.

"Tenho o direito de apresentar a versão síria aqui neste fórum. Após três anos de sofrimento, este direito é meu", disse Moualem. Dez minutos depois, sem um encerramento à vista, o secretário-geral interviu mais uma vez. "Vou terminar uma frase", disse Moualem.

"Apenas mantenha a sua promessa: uma frase", pediu Ban.

"A Síria sempre cumpre aquilo que promete", respondeu o chanceler, na conclusão do discurso contundente de 35 minutos.

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