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Ativistas ligadas a movimentos feministas realizam manifestação de apoio a Sakineh, em Kiev, na Ucrânia | Konstantin Chernichkin/Reuters
Ativistas ligadas a movimentos feministas realizam manifestação de apoio a Sakineh, em Kiev, na Ucrânia| Foto: Konstantin Chernichkin/Reuters

Brasil

Dilma é contra execução

Da redação, com agências

A presidente eleita Dilma Rousseff classificou ontem como "uma coisa muito bárbara" a execução da iraniana. A declaração da petista se soma ao apelo do governo brasileiro em favor da clemência.

"Eu sou radicalmente contra o apedrejamento", disse Dilma, após ser questionada por repórteres. Ela acrescentou que comentaria o caso mesmo não tendo ainda tomado posse. "Entendo que é uma coisa muito bárbara."

A declaração de Dilma foi feita na manhã de ontem, em entrevista no Palácio do Planalto, após encontro com o presidente Lula.

Mais cedo, a ativista iraniana Mina Ahadi, porta-voz do Comitê Internacional contra Apedrejamento (Icas, na sigla em inglês), disse esperar que a presidente eleita intervenha para tentar evitar a execução de Sakineh. "Dilma é mulher e conhece bem os problemas enfrentados por mulheres."

O governo do Irã afirmou ontem que Sakineh Moham­­madi Ash­­tiani, acusada de adultério e de participação no assassinato do ma­­rido, se encontra em perfeito estado de saúde e que o seu processo ainda não foi concluído. Teerã afirmou também que não há uma data definida para a execução da acusada.

Na terça-feira,o Comitê In­­ter­­nacional contra o Apedre­­jamento disse ter recebido informações de que Sakineh seria executada na prisão de Tabriz, onde está detida. Na segunda-feira, ou­­tra ONG, ba­­seada na Itália, já ti­­nha adiantado que o processo de execução de Sa­­kineh poderia ter sido acelerado pela Justiça iraniana.

O ministro das Relações Exte­­riores da França, Bernard Kouch­­ner, afirmou que ele conversou com o chanceler iraniano, Ma­­nou­­chehr Mottaki, sobre o caso de Sa­­kineh, que causou uma mobilização internacional. Kouchner disse que Mottaki garantiu a ele hoje que um veredicto final sobre o ca­­so de Sakineh ainda não foi divulgado. Segundo ele, os relatos so­­bre sua eventual execução "não correspondem à realidade".

O Irã suspendeu temporariamente o veredicto e sugeriu que Sakineh pode ser enforcada, e não apedrejada. Kouchner disse que a França está "muito preocupada" com o caso. Sakineh foi inicialmente condenada ao apedrejamento por trair o marido, depois foi acusada de envolvimento na morte do ex-companheiro. As in­­formações são da Associated Press.

O caso

Sakineh foi condenada em 2006 por manter relações ilícitas com dois homens após ficar viúva, o que, segundo a lei islâmica, também é considerado adultério. Em julho deste ano, seu advogado Mohammad Mostafaei tornou público o caso em um blog na internet, o que chamou a atenção da comunidade internacional. Perseguido pelas autoridades ira­­nianas, ele fugiu para a Tur­­quia, de onde buscou asilo político na Noruega.

O governo brasileiro ofereceu refúgio a Sakineh, o que foi rejeitado por Teerã. A pena de morte foi mantida por um tribunal de apelações, que acrescentou ao caso a acusação de conspiração para a morte do marido.

A decisão teria sido tomada por autoridades do alto escalão iraniano, que buscavam assim evitar mais condenações internacionais ao sistema de punição adotado no país.

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