O Grupo dos Oito (G8) nações mais industrializadas condenou o teste com mísseis realizado recentemente pela Coréia do Norte e deu apoio a um plano da Rússia para criar centros de fabricação de combustível atômico a fim de dissuadir países do mundo todo a desenvolverem essa tecnologia.

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As palavras mais duras do "Comunicado sobre a Não-Proliferação", divulgado pelos países do grupo (EUA, Grã-Bretanha, Rússia, Japão, Itália, Alemanha, França e Canadá), foram reservadas à Coréia do Norte.

"Condenamos o lançamento dos mísseis balísticos ocorrido no dia 5 de julho e manifestamos nossa preocupação porque esse lançamento ameaça a paz, a estabilidade e a segurança da região e do resto do mundo", afirmou o G8 no comunicado, divulgado na cúpula de São Petersburgo, na Rússia. "O lançamento desses mísseis aprofunda nossa preocupação com os programas de armas nucleares (da Coréia do Norte)."

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O grupo também recebeu com satisfação a resolução aprovada no fim de semana pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que impõe sanções sobre o setor bélico norte-coreano.

Com palavras de certa forma mais amenas, o G8 também manifestou "séria preocupação" sobre o Irã, que rechaçou os apelos de potências ocidentais para interromper seu programa de enriquecimento de urânio.

O urânio enriquecido pode ser usado em usinas atômicas ou para a fabricação de armas nucleares.

O governo iraniano afirma que seu programa visa exclusivamente à produção de energia. Mas os EUA e seus aliados acusam o país islâmico de tentar desenvolver armas atômicas.

O G8 endossou uma decisão tomada na semana passada por seis potências mundiais -- Grã-Bretanha, China, Alemanha, França, Rússia e EUA -- para relatar novamente o caso do Irã ao Conselho de Segurança.

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Centros de material nuclear

O grupo afirmou concordar que todos os países têm o direito de desenvolver um programa nuclear pacífico, mas disse que nenhum país deveria adotar programas de enriquecimento de material nuclear e de reprocessamento de combustíveis atômicos.

O G8 deu forte apoio ao plano de Moscou de criar centros de combustíveis nucleares na Rússia, sob a supervisão da ONU, a fim de que países como o Irã tenham acesso garantido a esse material, sem a necessidade de manter programas de enriquecimento de substâncias atômicas.

A entidade também concordou com a proposta americana de criar um banco internacional de combustíveis nucleares, sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

- Essa declaração complementa, de forma bastante positiva, o acordo sobre devolver a questão iraniana ao Conselho de Segurança - afirmou Mark Fitzpatrick, ex-integrante do Departamento de Estado dos EUA e atual membro do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, com base em Londres. - A ênfase nos serviços para o combustível (nuclear) é um caminho natural para a Rússia aumentar sua contribuição para as metas de não-proliferação.

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O comunicado do G8 repetiu uma demanda feita em cúpulas anteriores para que os países carentes de programas de enriquecimento de material nuclear não ingressem no clube limitado de países que os possuem.

Diplomatas disseram que o assunto não deve ser incluído no comunicado da reunião do G8 de 2007.

- O Canadá, em particular, não gosta disso e deseja que a matéria seja excluída no próximo ano - afirmou um diplomata do G8. Esse diplomata acrescentou que o Canadá, maior fornecedor de urânio bruto do mundo, pretende começar a enriquecer o material em um futuro próximo.

O G8 aprovou tacitamente o acordo firmado pelos EUA e a Índia no setor nuclear, acordo esse que ainda tem de ser sancionado pelo Congresso norte-americano.

"Estamos ansiosos para reforçar nossa parceria com a Índia, dado os comprometimentos feitos pela Índia", disse o G8, acrescentando que uma futura cooperação com o país no setor nuclear será possível se os indianos adotarem medidas para evitar a proliferação.

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Segundo Fitzpatrick, não era isso que os EUA queriam.

- Mas a sinalização sobre a cooperação nuclear foi satisfatória.

O acordo dará à Índia, uma potência nuclear, acesso à tecnologia atômica civil dos americanos.