O gabinete do governo do Kuwait renunciou nesta quinta-feira (31), causando uma nova crise no país rico em petróleo do Golfo Pérsico, que apresenta nos últimos anos uma tendência à instabilidade política. "O gabinete do Kuwait entregou sua renúncia hoje em uma reunião extraordinária", disse o ministro para Assuntos do Gabinete, Affairs Rudhan al-Rudhan, falando à agência estatal KUNA. Parlamentares da oposição ampliaram os pedidos pela mudança do primeiro-ministro.
A novidade, sem relação com as revoltas no mundo árabe, marca a sexta mudança do gabinete liderado pelo premiê Nasser Mohammed al-Ahmad Al-Sabah desde que ele foi nomeado, há cinco anos. O Parlamento foi dissolvido três vezes no emirado no mesmo período.
A oposição pede a mudança do primeiro-ministro, qualificando-o como incompetente. O emir, xeque Sabah al-Ahmad Al-Sabah, tem o poder para selecionar o premiê. Agora, o xeque precisa aceitar a renúncia do gabinete. Em seguida, nomeará o atual premiê ou outra figura para formar uma nova equipe.
As renúncias ocorrem após congressistas apresentarem petições para questionar no Parlamento três ministros, membro da família Al-Sabah, que comanda o país, por várias acusações, incluindo corrupção e incompetência. Os parlamentares liberais Adel al-Saraawi e Marzouk al-Ghanem apresentaram pedidos na semana passada para convocar o vice-ministro de Economia, xeque Ahmad Fahad al-Sabah, por acusações de corrupção em contratos no valor de US$ 900 milhões.
Mais cedo nesta semana, o parlamentar xiita Faisal al-Duwaisan apresentou uma convocação para o ministro da Informação e do Petróleo, xeque Ahmad Abdullah Al-Sabah. Outro parlamentar xiita Saleh Ashour, exigiu que o ministro das Relações Exteriores, xeque Mohammed Al-Sabah, seja convocado para esclarecer aspectos de seu trabalho.
O atual premiê, criticado pela oposição, é sobrinho do emir que comanda o país. Hoje, vários deputados da oposição pediram um novo primeiro-ministro, afirmando que o xeque Nasser é incapaz de liderar o Kuwait, apesar das grandes somas obtidas com a venda de petróleo a preços altos.
A última eleição legislativa no Kuwait ocorreu em maio de 2009, antes do início da crise política. O país tem 10% das reservas globais de petróleo e atualmente extrai 2,3 milhões de barris por dia.
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