O chefe de Estado da Líbia, Muammar Gaddafi, está preparando uma visita oficial à França, informou uma autoridade do governo francês neste domingo, o que representará a primeira visita oficial do líder líbio à Paris em mais de 30 anos.
O jornal francês Le Journal du Dimanche havia divulgado anteriormente que a visita de Gaddafi ocorreria em dezembro. A viagem ocorreria antes ou após um encontro entre União Européia e África em Lisboa, programado para 8 e 9 de dezembro, afirmou o periódico, citando uma fonte da diplomacia.
O gabinete do presidente francês, Nicolas Sarkozy, confirmou os preparativos para a visita, porém não forneceu uma data precisa.
"O Presidente da República (da França) foi à Líbia em julho, então é bastante normal que o líder líbio faça o mesmo", disse uma autoridade do governo.
Sarkozy assinou um acordo militar e um memorando de entendimento para um acordo sobre a energia nuclear durante a viagem de julho. Dias depois, o governo francês anunciou que a Líbia compraria mísseis anti-tanques e sistemas de rádio do grupo europeu EADS, do setor aeroespacial e militar.
A França negou as hipóteses de que o acordo armamentista fora a contrapartida francesa para a libertação, horas antes da chegada de Sarkozy à Líbia, de um grupo de médicos estrangeiros mantidos na prisão por oito anos após supostamente terem contaminado com Aids crianças líbias.
Sarkozy havia enviado sua esposa à época, Cecilia, em duas missões para a Líbia a fim de buscar a libertação dos médicos - irritando autoridades da União Européia com o aparente desprezo demonstrado pelas tentativas do bloco. Os médicos deixaram a Líbia acompanhados por Cecilia em um jato presidencial francês.
A Líbia, rica em reservas de petróleo e gás, tenta uma reconciliação com as potências ocidentais após anos de isolamento provocados pelo atentado ao vôo 103 da Pan Am sobre a cidade escocesa de Lockerbie, em 1988, que causou a morte de 270 pessoas.
O agente da inteligência líbia Abdel Basset Al-Megrahi foi considerado culpado pelo atentado em um tribunal escocês em 2001. Megrahi sempre afirmou ser inocente e, em junho, conquistou o direito de apelar de sua sentença pela segunda vez.
A Líbia é um mercado com potencial de expansão para muitas companhias ocidentais e o periódico Journal du Dimanche disse que importantes acordos de negócios franceses podem ser assinados durante a viagem de Gaddafi.