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Com a proliferação de dispositivos móveis que capturam imagens, vazamentos de dados privados são mais frequentes | Alessandro Bianchi/Reuters
Com a proliferação de dispositivos móveis que capturam imagens, vazamentos de dados privados são mais frequentes| Foto: Alessandro Bianchi/Reuters

Internautas ignoram os riscos da rede

O diretor do projeto de internet do centro Pew, Lee Rainie, afirmou que a maioria dos norte-americanos vê a atuação digital como uma troca, considerando que os benefícios – incluindo o convívio social e as compras on-line – se sobrepõem aos riscos. "Eles dizem estar preocupados com a privacidade, mas agem de forma que não necessariamente mostra que essas preocupações são uma alta prioridade para eles", disse Rainie.

"Velhos limites que as pessoas usavam para poder proteger suas identidades foram suprimidos." Em junho, a Suprema Corte dos EUA defendeu enfaticamente a privacidade na era digital, considerando por unanimidade que a polícia, no geral, não pode fazer buscas nos telefones das pessoas que prendem sem primeiro conseguir um mandado.

Tendo isso em vista, existem múltiplas iniciativas em andamento para educar os consumidores sobre ameaças à privacidade digital e ensiná-los maneiras de se proteger melhor. Por exemplo, educadores de mais de uma dezena de faculdades de Direito dos EUA desenvolveram um currículo destinado a dar aos adolescentes um entendimento mais profundo das escolhas que enfrentarão relacionadas à privacidade on-line.

Sherry Turkle, professora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que escreveu bastante sobre computadores e tecnologias, diz que se espanta com a rapidez das pessoas para colocar coisas on-line ou em sistemas de nuvem apesar dos possíveis riscos. "A experiência de estar na ‘sua página’, a experiência de estar sozinho com a tela, dificulta para as pessoas viver a verdade: que elas estão em um ambiente frágil e relativamente desprotegido e esse não é um lugar bom para colocar coisas privadas", afirmou Turkle.

Pesquisa

O estudo do centro Pew, feito com ajuda da Universidade Carnegie Mellon, teve como base dados de 792 usuários de internet e smartphone contactados por telefone pela Princeton Survey Research Associates International. A margem de erro é de 3,8 pontos porcentuais, para mais ou para menos.

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Como o escândalo da publicação de fotos íntimas de celebridades deixou claro, a privacidade não é mais o que costumava ser. Sejam famosas ou anônimas, as pessoas de todos os meios de vida colocam todo tipo de coisa on-line ou em sistemas de estocagem na nuvem, desde informações financeiras vitais até uma ocasional foto sem roupas.

Casos periódicos de hackeamento alimentam a indignação, mas não há volta para a vida digital nem qualquer promessa de garantia de privacidade. "Nós temos essa crença abstrata de que a privacidade é importante, mas o modo como nos comportamos on-line frequentemente contraria isso", comentou Nicholas Carr, cujos extensivos estudos sobre a internet incluem o livro lançado em 2010 chamado A Geração Superficial: o Que a Internet Está Fazendo com os Nossos Cérebros.

"Espero que as pessoas entendam que qualquer coisa que você faz on-line pode se tornar pública", disse Carr. "É claro que há essa ilusão de segurança que tempera qualquer nervosismo. E é difícil avaliar os riscos quando temos a oportunidade de fazer algo divertido", acrescentou.

As últimas notícias envolvem fotos da atriz norte-americana Jennifer Lawrence e de outras celebridades nuas que foram obtidas por hackers e publicadas on-line. A Apple, que criou o iCloud e outros sistemas de compartilhamento de conteúdo, afirma que contas individuais de algumas das celebridades foram hackeadas. Especialistas em privacidade dizem que os usuários de tecnologia não precisam ser famosos para estar vulneráveis. "O que estamos vendo é gente que inocentemente e muitas vezes ingenuamente é levada a compartilhar informações que não poderia compartilhar com o vizinho de porta", afirmou Marlene Maheu, psicóloga de San Diego, EUA, cujo Instituto de Saúde TeleMental treina profissionais em saúde mental sobre como expandir suas práticas on-line. Maheu oferece esse conselho em relação a qualquer um com receios de privacidade: "Você se sentiria confortável compartilhando essa informação em um jantar de Ação de Graças? Em caso negativo, um sinal vermelho deve ser acionado."

Preocupações com a privacidade fazem parte de uma atitude complexa que muitos americanos têm em relação à atuação digital. Embora eles compartilhem mais informações on-line, eles também querem mais controle sobre quem pode vê-las, de acordo com um estudo do ano passado feito petVida Americana do Centro de Pesquisas Pew.

De acordo com o centro, 50% dos usuários de internet se preocupa com as informações disponíveis sobre eles on-line, acima dos 33% que deram a mesma resposta em 2009. Enquanto 86% tentaram pelo menos uma técnica para esconder suas atividades on-line ou evitar ser rastreado, 59% deles não acreditam que é possível ficar completamente anônimo.

Também há 11% dos usuários que afirmam que já tiveram informações pessoais importantes roubadas on-line, como o número de identidade ou dados bancários, de acordo como estudo, e 21% dizem que já tiveram uma conta de e-mail ou de rede social comprometida. E essas descobertas vieram antes da notícia de grandes roubos de dados de cartão de crédito em lojas norte-americanas, como a Target e a Home Depot.

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