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Lima – O novo presidente peruano, Alan García, nomeou um gabinete que mistura políticos de esquerda do seu partido com tecnocratas, prometendo um "choque de investimentos" para combater a pobreza do país. García, que toma posse hoje ansioso para deixar para trás seu desastroso primeiro governo (1985–90), indicou um líder do Apra, o seu partido, para o cargo de primeiro-ministro. Jorge del Castillo terá a tarefa de unificar o Congresso e criar a base política para o crescimento econômico. "Este é um gabinete cujo principal foco é tratar da pobreza do Peru. Vamos gerar um choque de investimentos para acabar com a pobreza", disse García ao anunciar o ministério.

Del Castillo, um habilidoso negociador e velho amigo de García, terá de equilibrar as promessas de elevados gastos públicos com o controle do déficit orçamentário, para manter contentes os detentores de US$ 30 bilhões em títulos da dívida peruana. Investidores do Canadá à China estão ávidos por verem o novo presidente acalmar o país, que sai profundamente dividido das eleições presidenciais.

Cerca de metade da população peruana vive com menos de US$1,25 por dia, apesar de o país ter importantes reservas de cobre, ouro, petróleo e gás natural. A maioria dos pobres peruanos votou no nacionalista Ollanta Humala, não em García, e pode sair às ruas se ele não cumprir rapidamente suas promessas de criar empregos, fornecer água potável e abrir escolas.

Além disso, os EUA pressionam o Peru a combater o narcotráfico, o que pode indispor o novo governo com centenas de milhares de cocaleiros.

Mas muitos analistas acham que García deve colocar os interesses dos credores e o crescimento econômico à frente das promessas populistas de campanha, porque está desesperado para reescrever seu legado político – o primeiro mandato acabou com hiperinflação.

García já havia indicado o ex-vice-ministro das Finanças Luis Carranza para o Ministério da Economia, o que agradou Wall Street. Mas a escolha do deputado aprista Juan Valdivia para a pasta das Minas e Energia pode despertar preocupações. Valdivia votou no Congresso a favor da cobrança de royalties das empresas de mineração nos últimos dois anos. Os empresários do setor temem a imposição de um novo imposto sobre seus lucros "excessivos", como mencionou García na campanha.

O Peru, terceiro maior produtor mundial de cobre, precisa de cerca de US$10 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos para desenvolver 270 minas e atender à demanda da Ásia.

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