O social-democrata Alan García, eleito presidente do Peru no domingo, disse que seu triunfo é um freio às intenções do líder venezuelano, Hugo Chávez, de expandir sua influência na América Latina. García, que travou duras batalhas verbais com Chávez durante a campanha eleitoral, venceu o nacionalista Ollanta Humala -- apoiado ardorosamente pelo esquerdista venezuelano.
"Aqui, o único derrotado não tem carteira de identidade peruana. Foi aquele que quis nos guiar com a força de seu dinheiro negro, aquele que quis estender sua dominação e sua ditadura, aquele que quis trazer ao nosso país o militarismo", disse García, em referência a Chávez. "Aqui está a democracia do Peru, que lhe disse não, que reivindica a independência dos peruanos", acrescentou, em um comício de comemoração por sua vitória.
Os resultados oficiais da eleição apontaram García como o vencedor, com 55,45% dos votos. O apoio público de Chávez a Humala, que tinha planos de nacionalizar os recursos naturais e restringir os investimentos estrangeiros no Peru, gerou um dos piores conflitos diplomáticos entre Lima e Caracas, que culminou com a retirada dos embaixadores de ambas as nações.
O mandatário venezuelano chamou García de "corrupto" e "ladrão" e ameaçou romper relações com o Peru, se o social-democrata triunfasse. O atual presidente, Alejandro Toledo, que acusou o líder venezuelano de "interferência" na política nacional, chegou a pedir à Organização dos Estados Americanos (OEA) que detivesse os comentários de Chávez.
O chanceler peruano, Oscar Maurtúa, disse no domingo que expôs, em nome do Peru, "a rejeição formal e categórica aos atos intervencionistas do presidente Hugo Chávez na política interna do Peru", durante uma reunião de ministros das relações exteriores da OEA.
Maurtúa, em referência ao que alguns qualificam como um crescente sentimento anti-Chávez na América Latina, sugeriu que García havia se beneficiado do respaldo do presidente venezuelano a Humala. Tudo isso em meio a uma extensa tradição regional de não intervenção, acrescentou.
García utilizou o apoio de Chávez a seu opositor durante a campanha, dizendo que o Peru estava perto de se converter em uma virtual colônia venezuelana, se Humala chegasse ao poder. "Ele [Chávez] acreditou que a força de milhões e insolências podiam abrir todas as forças e derrubar todas as fronteiras, acreditou que podia dominar nossa pátria... [Mas nós] Detivemos toda a dominação", enfatizou García, entre risadas, diante de milhares de simpatizantes que o aclamavam.
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