Puno, Peru O presidente eleito do Peru, Alan García, toma posse amanhã alertando que uma "bomba-relógio" pode explodir dentro do país na forma de protestos, caso seu governo não consiga combinar uma agenda pró-negócios com o combate à pobreza crônica.
García, sedento por redimir-se de seu primeiro e desastroso mandato (19851990), responsável por provocar um colapso da economia peruana, depara-se com o enorme desafio de distribuir as riquezas geradas pelo crescimento econômico sem precedentes vivido pelo país após 2002.
Ao mesmo tempo, porém, o presidente precisa adotar uma política fiscal cuidadosa a fim de não desagradar aos investidores internacionais.
Os pobres são quase metade da população de 27 milhões de peruanos e concentram-se especialmente no sul do território andino, na fronteira com a Bolívia. A maior parte deles não votou em García. Essa fatia da população precisa urgentemente de empregos, acesso a água tratada, escolas e hospitais. "Vamos dar a García seis meses para mostrar resultados. Se nada acontecer, vamos começar com os protestos", afirmou Luis Vilcapaza, que representa cerca de 100 mil agricultores da Província de Puno (sul do Peru).
Os investidores, de olho no petróleo, no gás natural e nos minérios do Peru, não desejam ver o tipo de instabilidade política responsável por quase tirar do poder o presidente Alejandro Toledo, em 2004. O país é o terceiro maior produtor de cobre do mundo e pretende exportar gás natural para o México, a partir de 2010.
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