O juiz Baltasar Garzón anunciou, nesta quinta-feira (16), a abertura de uma investigação sobre as atrocidades cometidas durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Entre outras medidas, Garzón ordenou a abertura de 19 fossas comuns, entre as quais a que supostamente guarda os restos mortais do poeta Federico García Lorca.
Em um documento de mais de 60 páginas, Garzón se declarou competente para investigar as mortes e desaparições de dezenas de milhares de pessoas durante o confronto e também na posterior ditadura do general Francisco Franco. O magistrado afirmou haver a suspeita de crimes contra a humanidade.
Garzón indicou que devem ser atendidos os pedidos das famílias para a abertura de fossas comuns nas quais acreditam que estão os restos mortais de parentes. Entre elas está a de Alfacar, na província de Granada, na qual estaria García Lorca. Os herdeiros de duas pessoas fuziladas junto ao poeta, em 1936, pediram a exumação dos cadáveres.
O juiz ficou um mês compilando dados para decidir sobre sua jurisdição sobre o caso. A data para o anúncio é também simbólica: em 16 de outubro de 1998, Garzón iniciou um processo judicial contra o ex-ditador chileno Augusto Pinochet. Garzón ganhou fama internacional por esse processo contra o general e também por mover uma ação contra o líder da Al-Qaeda Osama bin Laden, em ambos os casos evocando a suspeita de crimes contra a humanidade.