São Paulo Brasil, Argentina e Venezuela concluíram que a construção de um "supergasoduto" de mais de US$ 20 bilhões ligando a Venezuela ao Uruguai através do território brasileiro é viável. Os presidentes dos três países reuniram-se ontem em São Paulo para discutir o projeto. Após o encontro, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse inclusive que o gás venezuelano chegaria a preços baixos ao Brasil.
Chávez foi o único dos presidentes a falar com a imprensa após a reunião de cúpula. O presidente Néstor Kirchner (Argentina) saiu sem dar declarações. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também não falou com os jornalistas.
Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil, relatou o conteúdo da reunião no final da tarde. Amorim afirmou que ficou claro durante o encontro de ontem que a construção do gasoduto é viável. "As explicações dadas foram suficientemente convincentes de que efetivamente há gás. Esse é um projeto que precisa evoluir naturalmente", afirmou. Os ministros de Minas e Energia dos três governos apresentaram estudos técnicos relativos ao projeto.
O cronograma inicial prevê a conclusão das obras em 2017. Em 2010, disse Chávez, a primeira fase do gasoduto, ligando a Venezuela a Manaus, já entraria em operação. O presidente venezuelano estimou o investimento necessário para a construção em US$ 20 bilhões.
Ainda segundo ele, a implementação do projeto geraria cerca de 1 milhão de empregos diretos nos países envolvidos. Para a região, a construção do gasoduto resolveria enormes gargalos energéticos.
O Chile hoje importa gás natural liquefeito, mais caro. O país dependia do gás argentino, que parou de exportar o produto devido à crise de abastecimento no mercado interno.
A entrada em operação do gasoduto tornaria as enormes reservas venezuelanas o país possuiu cerca de 80% das reservas disponíveis na América do Sul acessíveis para Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além de ter o potencial para atender a praticamente toda a América do Sul.
Os planos de implantação do gasoduto devem ficar prontos até agosto. Em setembro, os planos são de reunir representantes dos três países para apresentar o projeto do Grande Gasoduto do Sul, como é chamado, para todos os governos sul-americanos.
Apesar do enorme investimento necessário para levar adiante o projeto, Chávez disse que não faltarão recursos para tanto. Segundo o presidente venezuelano, vários investidores têm procurado autoridades dos três países para pedir informações sobre os planos de construção.
Ele têm assumido o papel de grande defensor do projeto, e saiu satisfeito com a sinalização de que Brasil e Argentina vão apoiá-lo. Como retribuição, saiu em defesa de Lula. Chávez chegou dizer que se tivesse oportunidade votaria em Lula nas próximas eleições.