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Israel transformou a Faixa de Gaza numa prisão para os palestinos, onde a vida é "insuportável, horrível e trágica", e parece ter jogado a chave fora, disse na terça-feira o enviado especial da ONU ao território palestino, John Dugard.

Dugard afirmou que o sofrimento dos palestinos é um teste para a disposição da comunidade internacional em proteger os direitos humanos.

- Se ... a comunidade internacional não ... tomar alguma atitude, ela não deve se surpreender se o planeta deixar de acreditar que ela está seriamente comprometida com a promoção dos direitos humanos - disse ele numa declaração ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Israel rebateu as declarações dizendo haver uma incoerência "alarmante" entre o relatório feito para o órgão de direitos humanos da ONU e a experiência de Israel que continuou enfrentando a "ameaça diária do terrorismo palestino".

O enviado, que é um advogado sul-africano, é investigador especial da ONU desde 2001 e repetiu as acusações de que Israel está violando as leis humanitárias internacionais com medidas de segurança que equivalem a uma "punição coletiva".

Israel diz que as restrições, que incluem a construção de uma barreira de concreto e aço na Cisjordânia, têm o objetivo de impedir a entrada de suicidas no território israelense. Os ataques suicidas a bomba diminuíram desde a construção da barreira.

O governo israelense também mantém fortes restrições ao movimento de bens e pessoas em Gaza, uma faixa costeira que foi desocupada pelo Exército de Israel no ano passado, depois de 38 anos.

Dugard também criticou os Estados Unidos, a União Européia e o Canadá pela suspensão da ajuda financeira à Autoridade Palestina, em protesto à recusa do Hamas, que ocupa o governo, de reconhecer Israel.

O Hamas, um grupo militante islâmico que chegou ao poder depois de eleições democráticas em janeiro, luta declaradamente pela destruição de Israel.

- Israel viola a lei internacional descrita pelo Conselho de Segurança e a Corte Internacional de Justiça e mesmo assim não é punido. Mas o povo palestino é punido por ter eleito democraticamente um regime inaceitável para Israel, os EUA e a UE - disse Dugard.

Mas o embaixador de Israel na ONU em Genebra, Itzhak Levanon, disse que ao colocar "toda a culpa" em Israel, o relatório "absolve os terroristas que têm tomado a sociedade palestina como refém até da mais mínima responsabilidade."

Segundo Dugard, três quartos do 1,4 milhão de moradores de Gaza dependem de ajuda para comer. Os bombardeios israelenses em represália ao sequestro de um soldado no dia 25 de junho destruíram casas e a única usina elétrica do território.

- Gaza é uma prisão e Israel parece ter jogado a chave fora - disse ele.

A Cisjordânia também enfrenta problemas, embora não tão graves quanto os de Gaza, em parte por causa da barreira.

- Em outros países esse processo talvez fosse descrito como limpeza étnica, mas não é politicamente correto usar esses termos quando se trata de Israel.

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