O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, nomeou ontem o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, de 60 anos, como comandante da missão de paz do órgão na República Democrática do Congo, segundo maior país da África, informou a ONU em nota.
Cruz foi comandante da missão de paz da ONU no Haiti, comandada pelo Brasil, entre 2007 e 2009. Com 40 anos de experiência militar, atualmente era como assessor especial do ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
Criada em 2010 por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, a missão de paz na República Democrática do Congo, conhecida pela sigla em inglês Monusco, tem como meta principal proteger os civis e colaborar com as operações do Exército congolês.
"Nosso foco principal [na missão de paz] serão as crianças, as mulheres e os idosos, que acabam sofrendo com a falta de assistência humanitária", disse Cruz em entrevista à Gazeta do Povo no mês passado, quando havia sido indicado à ONU e ainda aguardava a aprovação de documentos.
Na República Democrática do Congo, no início deste mês, a ONU confirmou que membros das Forças Armadas realizaram um estupro em massa contra 97 mulheres e 33 meninas, algumas delas com 6 anos.
Um relatório da ONU também acusa os rebeldes do grupo M23 de realizar diversas violações aos direitos humanos contra a população civil em áreas ocupadas por eles, assim como membros das Forças Armadas que se renderam.
"O Congo sofreu muito com a divisão política, com os diferentes interesses e a ação de grupos rebeldes. São essas as áreas que precisam ser estabilizadas, especialmente na parte leste do país, onde estão os problemas mais graves", disse Cruz, que vai comandar um contingente de cerca de 17,2 mil militares. A Monusco conta também com 505 observadores militares e 1.393 policiais.
De acordo com o site da missão de paz na internet, atualmente o Brasil não tem contingente na Monusco. Ainda de acordo com informações do site da missão, 55 membros da Monusco já morreram desde 2010.
As missões de paz da ONU foram criadas para apaziguar conflitos, garantir estabilidade política e ajuda humanitária. Nos últimos anos, as missões tem sido criticadas por não conseguir promover grandes avanços em regiões problemáticas como a Península Coreana, o Afeganistão e a Síria.