Depois de ter declarado ao jornal "Daily Mails", na edição desta sexta-feira, que defendia a retirada imediata das tropas britânicas do Iraque, o chefe do Estado-Maior britânico, general Richard Dannatt, voltou atrás e afirmou que os soldados continuarão no país árabe até que a missão seja cumprida. Ele havia dito que, se as tropas não saíssem imediatamente, a situação no Iraque e na Grã-Bretanha pioraria, "exacerbando os problemas de segurança".
- Nossa presença no Iraque aumenta as dificuldades que enfrentamos no mundo todo - disse na entrevista, sobre a qual, aparentemente, não havia informado ao Ministério da Defesa.
Em comunicado desta sexta-feira, o chefe do Estado-Maior britânico, que está no cargo há apenas dois meses, afirmou: "Sou um soldado. Não nos rendemos, não mostramos a bandeira branca. Continuaremos no Iraque até cumprirmos nossa missão. Iremos até o final".
Ao ser abordado pela imprensa após a entrevista ao "Daily Mails", o general demonstrou surpresa pela repercussão que suas declarações causaram.
- Não são afirmações novas nem merecedoras de virar notícia - disse, explicando que as declarações foram divulgadas fora do contexto e que a entrevista dada ao jornal foi muito mais ampla.
- As Forças Armadas não querem permanecer dois, três, quatro ou cinco anos no Iraque. Temos que pensar num período razoável. Quando o trabalho estiver concluído, aí sim poderemos deixar o país, e isto, espero que aconteça logo - esclareceu.Jornal britânico faz referência a guerra contra Blair
A manchete do "Daily Mail" era a seguinte: "Chefe do Exército declara guerra contra Blair: 'Devemos abandonar o Iraque rapidamente'". Diante do argumento do governo de Tony Blair de que as tropas internacionais estão no Iraque para impulsionar a democracia e ajudar o Executivo eleito, o general disse na entrevista que a opinião dos muçulmanos sobre os estrangeiros que estão em seu país é bastante clara.
- Como estrangeiro, você pode ser bem-vindo, caso seja convidado a ir ao país. Mas nós não fomos convidados pelos iraquianos.
Na reportagem, o militar classificou a campanha de 2003 como um "chute na porta" para entrar no Iraque. Ele afirmou que o governo trabalhista foi "ingênuo" ao aceitar o desafio de instaurar uma democracia liberal nos moldes ocidentais no país árabe.
- A história demonstrará que o planejamento do que deveria ocorrer após a bem-sucedida fase inicial de combate foi mal feita, mais fundamentada no otimismo do que em um plano coerente - disse.
Militar alertou para progressão da 'ameaça islamita'
Dannatt acrescentou que qualquer tipo de consentimento dos iraquianos que os britânicos poderiam ter a princípio se tornou intolerância. O general alertou ainda para o risco de o vazio moral existente no Iraque permitir a progressão da "ameaça islamita".
Em comunicado, o governo britânico ressaltou nesta sexta-feira que as tropas estão no Iraque atendendo a um pedido do Executivo iraquiano. O Ministério da Defesa afirmou que "a estratégia no Iraque é clara".
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