O general emiradense Ahmed Naser Al-Raisi foi eleito nesta quinta-feira o novo presidente da Interpol, durante a assembleia realizada pelo órgão internacional de cooperação policial, que acontece em Istambul, na Turquia. Al-Raisi foi recentemente acusado por crimes de tortura.
O general foi escolhido para iniciar um mandato de quatro anos, segundo publico o perfil oficial da Interpol no Twitter. A nomeação ocorre após generosos financiamentos feitos pelos Emirados Árabes Unidos à Interpol.
Diversas organizações internacionais, entre elas a Human Rights Watch, lançaram alertas sobre a candidatura do general, que destaca ter sido um dos principais líderes da polícia dos Emirados Árabes a ser acusado de atuar contra opositores.
O ex-procurador-geral da Inglaterra e País de Gales, David Calvert-Smith, publicou um relatório em abril deste ano, em que garantia que Al-Raisi "supervisionou a crescente repressão sobre os dissidentes, a tortura contínua e os abusos do sistema jurídico" da nação localizada no Golfo Pérsico.
Os advogados de dois cidadãos britânicos, inclusive, apresentaram uma denúncia formal pelo crime de tortura contra o general.
Um deles foi Matthew Hedges, condenado a prisão perpétua nos Emirados Árabes, após ser condenado por espionagem. Posteriormente, ele recebeu indulto das autoridades e foi colocado em liberdade no fim de 2018.
Além disso, o Centro do Golfo pelos Direitos Humanos fez uma denúncia formal contra Al-Raisi na França, país que abriga a sede central da Interpol, na cidade de Lyon. A alegação é de torturas cometidas contra o blogueiro emiradense Ahmed Mansur.
Um escritório de advogados da Turquia também entregou ao Ministério Público do país uma denúncia contra o general, por torturas contra Mansur. A queixa precisa ser acatada pelo Ministério da Justiça turco, antes de se tornar efetiva.
Nas eleições realizadas na Assembleia Geral do órgão policial, Al-Raisi venceu a tcheca Sarka Havrankova, que havia se manifestado recentemente no Twitter, prometendo adequar o trabalho da Interpol ao "espírito da Declaração Universal de Direitos Humanos".
Ele foi eleitos após três turnos de votação durante os quais recebeu 68,9% dos votos emitidos pelos países membros, disse a Interpol em comunicado.
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