O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, segue no comando do país e de suas forças militares, afirmou hoje o general Henry Rangel Silva, chefe do Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas. Ele acrescentou que o presidente também retornará à Venezuela em breve e que os militares seguirão garantindo o respeito à Constituição. Sua declaração foi feita um dia após Chávez admitir que realizou uma cirurgia para retirada de tumor e que segue em recuperação em Cuba, sem dar mais detalhes sobre seu diagnóstico.
Em um esforço das autoridades venezuelanas para evitar rachas no partido governista, dominado por Chávez há mais de uma década, Rangel afirmou que algumas pessoas "fingem" que o presidente deixará o poder. "Nós não podemos cair nesse jogo". Rangel rejeitou as "notícias alarmistas" e alegou que o presidente se recupera "satisfatoriamente".
Os comentários de Chávez encerraram quase três semanas de especulação sobre a gravidade da saúde do presidente. Ele estava fora da arena pública desde 10 de junho, quando submeteu-se a um tratamento em Cuba sob grande sigilo. Anteriormente, Caracas informava apenas que Chávez se recuperava de uma cirurgia para a retirada de um abscesso pélvico.
Líderes governistas falaram à população imediatamente após o discurso de Chávez, para garantir que o país não terá nenhuma mudança nas políticas socialistas conduzidas pelo presidente, que está no poder desde 1999. Ainda assim, alguns analistas dizem que a incerteza em torno do futuro de Chávez pode gerar divisões no movimento chavista, já que não há um sucessor óbvio no Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV).
As novidades podem "abrir um período de incerteza social e política sem precedentes na Venezuela", afirmou o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, em nota a investidores. Há chances de "fricções significativas" entre líderes, sobretudo entre as alas mais dogmáticas e mais pragmáticas do PSUV, segundo Ramos. "O tabuleiro político pode passar por uma sucessão rápida de movimentos potencialmente políticos e socialmente ruidosos nos próximos meses", avaliou o analista.