Tirana, Albânia O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse ontem, que, apesar da oposição da Rússia à proposta da ONU, a organização deve decidir logo a situação do Kosovo, e que, se um acordo não for firmado imediatamente, será o momento de dizer "basta, o Kosovo é independente".
Bush, primeiro presidente norte-americano a visitar a Albânia disse, ontem, durante entrevista coletiva com o primeiro-ministro do país, Sali Berisha, que representantes do seu país negociarão uma posição comum "com os diplomatas russos e da União Européia", e que "é preciso fazer um esforço para encontrar uma maneira de todo mundo dizer que é uma boa idéia".
Para evitar a interpretação de que Bush estava se referindo a um possível reconhecimento unilateral da independência do Kosovo por parte do governo norte-americano, fontes da Casa Branca disseram posteriormente que os Estados Unidos "só agem no âmbito do Conselho de Segurança da ONU".
Bush afirmou ainda que sua secretária de Estado, Condoleezza Rice, "vai fazer grande pressão" para firmar o acordo: "Se não, vamos ter de atuar, porque a independência é o objetivo".
O processo na ONU sobre o futuro do Kosovo está atualmente estagnado, devido à oposição da Rússia à independência e à ameaça do país de usar seu direito de veto para bloquear qualquer resolução neste sentido no Conselho de Segurança. "É preciso impulsionar o processo, agora é o momento", afirmou Bush.
Em entrevista coletiva no sábado em Roma, o presidente americano pediu ao Conselho de Segurança da ONU, órgão que supervisiona atualmente a Albânia, que aprove o plano elaborado pelo enviado especial deste organismo, o ex-presidente da Finlândia Martti Ahtisaari, para outorgar a independência supervisada à província sérvia cuja maioria da população é albanesa.
Segundo estimativas recentes, cerca de 92% dos 2.2 milhões de habitantes de Kosovo são de origem albanesa.
Segundo a proposta, a União Européia vigiaria os eventos na província durante pelo menos dois anos, tempo durante o qual seriam estabelecidas instituições para proteger a minoria sérvia.
"Acreditamos de forma enérgica na independência do Kosovo", reiterou Bush, após uma reunião com Berisha na sede da chefia do governo, no centro de Tirana. "Devemos fazer com que (o processo na ONU) avance e o resultado final seja a independência", ressaltou Bush.
O presidente americano também pediu ao governo albanês que interceda para a "manutenção da calma" no Kosovo durante a transição, acrescentando que antes da independência é necessário que o governo faça reformas políticas e militares.
"Nós estamos determinados a tomar qualquer decisão, passar por cima de qualquer lei e enfrentar qualquer reforma para tornar a Albânia capaz de cumprir seu objetivo, isto é, integrar a aliança militar ocidental", garantiu Berisha.
Chegada de Bush
Bush e sua esposa Laura chegaram por volta de 9h30 (4h30 de Brasília) ao aeroporto de Nene Tereza, o único internacional do país. É a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos viaja à Albânia.
Para garantir sua segurança, as autoridades cercaram o aeroporto com um contingente composto em sua maior parte por antigos caminhões militares. Além disso, postaram soldados e policiais em duas fileiras ininterruptas de vários quilômetros ao lado da estrada que liga o aeroporto à capital, Tirana.
Em Tirana, a avenida principal foi enfeitada com bandeirolas com as cores da Albânia e dos Estados Unidos, enquanto mensagens dão as boas-vindas a Bush.
A Albânia tem tanta afinidade com os Estados Unidos que foi lançada no país uma série de três selos com o rosto de Bush e a Estátua da Liberdade, monumento da cidade de Nova Iorque, e uma rua em frente ao parlamento foi renomeada em homenagem ao líder americano.
Bush e sua mulher passaram cerca de oito horas na cidade balcânica, de 600 mil habitantes.
A comitiva presidencial partiu ontem para Sófia, na Bulgária, onde hoje concluirá sua viagem de oito dias pela Europa. A comitiva visitou a República Checa, a Alemanha, a Itália e a Polônia.
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