O ator e diretor americano George Clooney foi preso nesta sexta-feira em Washington durante uma manifestação em frente a embaixada do Sudão, em uma última atitude para chamar a atenção das autoridades sobre "os crimes de guerra" e a crise humanitária que acontece no sul deste país.
Clooney foi solto após pagamento de fiança na tarde desta sexta-feira. Ele foi acusado de invadir a embaixada do Sudão em Washington, em um protesto contra as ações do presidente Omar al-Bashir.
O ator, além de outros membros da Câmara dos Deputados e militantes, foram algemados e levados em um camburão, após ignorarem os avisos da polícia, constatou um jornalista da AFP.
Centenas de manifestantes gritavam palavras de ordem contra o presidente do Sudão, Omar al-Bashir. "Sudão: Pare de usar a comida como arma", gritavam os participantes no protesto.
O ator, de barba grisalha e casaco azul marinho, explicou, diante de muitas câmeras, que ele exigia do governo do Sudão a autorização para que a comunidade internacional envie ajuda Humanitária "antes que esta situação se torne a prior crise Humanitária da face da Terra".
"A outra coisa que nós pedidos é muito simples: que o governo de Cartum pare de assassinar os homens, mulheres e crianças inocentes", afirmou. "Para de violá-los e para de matá-los de fome, é tudo o que nós pedimos", acrescentou o ator.
George Clooney realizou recentemente uma missão clandestina em Kordofan do Sul, um estado do Sudão onde os combates entre o exército de Cartum e os rebeldes favoráveis a uma anexação com o Sudão do Sul levaram à fome. O Sudão do Sul conseguiu a sua independência em julho do ano passado.
De volta aos Estados Unidos, o protagonista de "Os Descendentes" declarou que as Forças Armadas sudaneses cometiam "crimes de guerra" atacando civis desta região, falando ante uma comissão do Senado.
Recebido na quinta-feira por Barack Obama, George Clooney pediu que o presidente americano pressionasse seu colega chinês Hu Jintao para evitar um desastre humanitário no Sudão.
Segundo o ator, a China, principal parceira de Cartum, está mais inclinada a levar em consideração argumentos econômicos do que morais na medida em que o conflito entre o Sudão e o Sudão do Sul tem um impacto negativo no fornecimento de petróleo para Pequim.
Clooney também participou na quarta-feira de uma audiência no Senado americano. Na ocasião, alertou aos líderes americanos que cerca de 250 mil pessoas estavam ameaçadas pela miséria no Kordofan do Sul.
O ator está engajado há meses em alertar a imprensa e os líderes políticos sobre a violência no Sudão.
Ele contraiu malária durante a sua última visita, em janeiro. Além disso, relatou que ao visitar moradores de um vilarejo escondidos em cavernas desde o início de uma campanha de bombardeio aéreo realizada pelas Forças Armadas sudanesas, foi convidado, junto com o seu parceiro, o ativista John Prendergast, para se abrigar rapidamente.
George Clooney explicou então que eles não estavam realmente com pressa, pensando que o aviso estava relacionado apenas à chegada de um avião Antonov das forças sudanesas. "Mas não era um Antonov. Era um foguete que explodiu. Nós queríamos ir para esta região e nós fomos, mas não estávamos à espera de foguetes", contou.