A Geórgia acusou a Rússia de tentar tomar mais territórios nas proximidades da província separatista da Ossétia do Sul. A tensão aumenta neste momento entre os dois países, perto do primeiro aniversário da guerra entre russos e georgianos. O Ministério de Relações Exteriores da Geórgia sustentou que tropas russas entraram ontem na vila de Kveshi, perto da Ossétia do Sul, e ergueram postos de controle para marcar uma nova fronteira.
"É muito alarmante que, conforme se aproxima o primeiro aniversário da agressão russa contra a Geórgia, a Rússia e seus fantoches estejam deliberadamente incitando tensões e se comportando de modo provocativo", disse a pasta em comunicado.
O Ministério da Defesa russo ainda não comentou o caso. Os guardas de fronteira russos, porém, removeram hoje postos de controle erguidos centenas de metros distantes da fronteira administrativa da Ossétia do Sul, segundo o Ministério de Interior da Geórgia. O porta-voz da missão de observadores da União Europeia (UE) na Geórgia, Steve Bird, disse que monitores estão acompanhando a situação de perto. Segundo Bird, os guardas de fronteira russos afirmaram que não planejam mudar seu posto de controle para a nova área demarcada.
O vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Grigory Karasin, discutiu a situação na Ossétia do Sul em um telefonema ontem com William Burns, o subsecretário de Estado dos Estados Unidos para assuntos políticos, segundo o Ministério de Relações Exteriores russo. "Foi enfatizado que é necessário evitar provocações militares que poderiam desestabilizar mais a já explosiva situação na fronteira", afirmou o ministério em comunicado.
Tensão
A situação perto da Ossétia do Sul se torna cada vez mais tensa no momento em que a Geórgia e a Rússia trocam provocações e supostas tentativas de retomar os confrontos. Apesar da tensão, o ministro da Reintegração da Geórgia, Temur Yakobashvili, ressaltou hoje que seu país não pretende usar a força. "Não há solução militar para o conflito", afirmou.
A guerra de agosto do ano passado começou quando a Geórgia lançou uma ofensiva para retomar controle da Ossétia do Sul, província apoiada por Moscou. A Rússia rapidamente enviou milhares de tropas e tanques, que arrasaram os militares georgianos e tomaram posições no interior do país vizinho. Um cessar-fogo intermediado pela UE encerrou cinco dias de duros conflitos. Após a guerra, a Rússia reconheceu a Ossétia do Sul e a Abkházia como independentes. Os monitores da UE permanecem na Geórgia, porém estão impedidos de viajar para a Ossétia do Sul e a Abkházia.