O mais recente relatório do Gabinete Nacional de Estatística e Informação (ONEI), feito com levantamento de dados dos últimos anos, revela que, desde 2021, Cuba perdeu 231 mil empregados do total da mão de obra ativa do país, tanto no setor privado quanto no público.
Mais da metade desse número é formado por jovens (53%) com idade entre 15 e 35 anos que, além de abandonarem o emprego, também decidiram não continuar os estudos, seja no ensino médio ou superior.
Um dos principais fatores que provocam a crise trabalhista na ilha é a emigração em massa, principalmente por rotas ilegais no Mar do Caribe para os Estados Unidos, meio pelo qual os cubanos tentam buscar uma vida mais digna, diante de tantos problemas em seu país.
Os baixos salários também contribuem com o abandono do trabalho, uma vez que não são suficientes para sustentar a vida na ilha e deixam os mais novos frustrados a ponto de desistirem da educação formal.
Com isso, as “oportunidades” de emprego existem em Cuba, mas a demanda não é suprida pela mão de obra ativa. Diante do aumento dos gastos básicos com a alimentação, setor que enfrenta um grande déficit de oferta, e da falta de empregados, a população já aposentada tem retornado aos postos de trabalho.
Dados divulgados pela ONEI mostram que, no final de 2022, 87,6% da parcela populacional com mais de 60 anos retornou ao vínculo empregatício após o fim da carreira.
Apesar dos números imprecisos divulgados pelo regime cubano, que colocam a atual taxa de desemprego em 40%, o dia a dia mostra outra realidade, segundo a revista digital Contacto Magazine, com mais cubanos em situação de miséria, alguns nas ruas sem perspectiva de melhoria das condições na ditadura cubana.
Dentro desse contexto, há aqueles que buscam ganhar dinheiro no trabalho informal com a venda de bens pessoais conquistados ao longo da vida e há outros que fazem acordos com empresários do exterior para receber produtos e vender no mercado negro, como são conhecidas as vendas informais que não passam pelo controle do Estado.
Mesmo com a taxa desatualizada, o número ultrapassa significativamente outros países da América Latina, de acordo com levantamento divulgado em julho pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A Colômbia apresenta 11,3% de desempregados, o México, 3,3%, o Chile, 8,2%, e o Brasil, que está com o menor índice desde 2015, 7,5%.
Além disso, o próprio FMI mostra que a maior taxa de desemprego conhecida mundialmente nos dados mais atuais era a da África do Sul, com 35,6%, e Cuba ultrapassou esse número.
Pobreza extrema cresce
O Observatório Cubano de Direitos Humanos (OCDH) apontou no relatório sobre a situação dos direitos sociais em Cuba que a pobreza extrema na ilha aumentou 13 pontos percentuais em um ano, atingindo 88% da população.
Segundo a OCDH, os cubanos nessa situação vivem com menos de 1,90 dólar por dia (cerca de R$ 9,50), valor estabelecido pelo Banco Mundial para determinar o padrão da pobreza extrema.
De acordo com os dados levantados, 62% da população enfrenta problemas para adquirir produtos essenciais para sobreviver, enquanto 48% deixaram de se alimentar por falta de recursos financeiros.