Kosovo, Afeganistão, Primavera Árabe... O jornalista francês Gilles Jacquier, repórter do canal de televisão pública France 2, morto aos 43 anos nesta quarta-feira (11) em Homs, na Síria, cobriu a maioria dos grandes conflitos dos últimos 20 anos.
"Odeio a guerra, mas neste tipo de situação posso conseguir grandes encontros. As pessoas costumam ser muito sinceras diante da câmera e é impossível permanecer insensível ao sofrimento delas", explicou o jornalista em uma entrevista.
"Gosto de filmar as pessoas do ponto mais próximo possível, captando as emoções sem voyeurismo", afirmou. "Vi a morte em grande escala, com corpos que chegando em macas para ser jogados em buracos enormes a toda hora".
Nascido no dia 25 de outubro de 1968, Jacquier começou sua carreira de jornalista em 1989 como cinegrafista no canal TV Huit Mont Blanc, de televisão local da cidade de Annecy, na região dos Alpes franceses.
Dois anos depois, entrou na redação da rede pública France Televisions, onde fez diversas reportagens internacionais, cobrindo as Olimpíadas de inverno de Lillehammer-1994 e Nagano-1998, além de eleições na África do Sul.
Sua primeira reportagem de guerra foi no Kosovo em 1999. Em seguida, cobriu conflitos na República Democrática do Congo, Argélia, Costa do Marfim, Haiti, Iraque, Palestina e as revoluções da Primavera Árabe.
Em 2003, venceu o prêmio Albert Londres, o mais prestigioso do jornalismo na França, pelo trabalho realizado junto com seu colega Bertrand Coq na cobertura da segunda Intifada.
"Gilles era um excelente repórter de guerra. Ele não tinha medo de nada, era ousado, mas nunca corria riscos inúteis", declarou Bertrand Coq.
Jacquier já foi ferido após um tiroteio em reportagens em Nablus, nos territórios palestinos ocupados. "Uma bala passou pela parte lateral do seu colete à prova de balas e o atingiu na clavícula. A bala foi retirada por um médico suíço no hospital de Nablus", lembra Coq.
Fã de esportes, Gilles se destacou em competições de esqui de alto nível e "exercia sua profissão com todo o talento, a dedicação e a motivação de um grande atleta", completa seu colega.
"Gilles era um dos melhores do canal France 2, um homem fora de série. Estamos todos em choque, vamos sentir muito a falta dele", declarou Thierry Thuillier, diretor de jornalismo da rede France Télévisions.