Ouça este conteúdo
Apuração em andamento
Um golpe de Estado está em curso na Guiné, país de 12 milhões de habitantes na África Ocidental. Imagens que circulam pelas redes sociais mostram o palácio presidencial cercado por veículos militares. Ouve-se, também, pesado tiroteio pelas ruas de Conakry, a capital do país, e o presidente Alpha Condé, foi preso por membros do Grupo das Forças Especiais do Exército, de acordo com o comandante do corpo de elite, o coronel Mamady Doumbouya.
O coronel também anunciou, em um vídeo postado nas redes sociais, que os militares haviam concordado em derrubar a Constituição e o governo. “Depois de tomar o presidente, que atualmente está conosco, decidimos dissolver o governo, dissolver a Constituição em vigor, dissolver as instituições e fechar as fronteiras terrestres e aéreas”, anunciou Doumbouya. O militar justificou a decisão pela situação sociopolítica e econômica do país e pela “disfunção das instituições republicanas”, entre outras razões. “Convidamos nossos irmãos de armas a se unirem para satisfazer as legítimas aspirações do povo guineense”, salientou o líder do golpe.
Em fotografias e vídeos divulgados pela imprensa local, Condé, 83 anos, é mostrado usando jeans e uma camisa estampada, sentado em um sofá com um rosto sério e cercado por soldados armados, no que parece ser o palácio presidencial em Conakry.
A situação, entretanto, é confusa porque o Ministério da Defesa havia dito em comunicado que “a Guarda Presidencial, apoiada por forças de defesa e segurança republicanas, continha a ameaça e repelia o grupo insurgente (...) As operações de segurança e busca continuam restaurando a ordem e a paz”. A nota oficial, no entanto, não fez menção alguma sobre o destino do chefe de Estado.
Em 18 de outubro, houve eleições presidenciais na Guiné, nas quais Condé obteve um terceiro mandato, o que gerou polêmica. Isso porque a Constituição permite apenas uma reeleição. No entanto, houve um referendo para alterar a legislação, e o “sim” teve 91,5% a favor. Na sequência da violência desencadeada pelas eleições, cerca de 30 pessoas foram mortas, segundo a oposição, depois que as forças de defesa e segurança dispararam contra manifestantes e espectadores.