Medo
Brasileiros se fecham em casa
Os brasileiros que vivem no Mali ficaram fechados em suas casas ontem à espera de notícias sobre a situação no país, palco de um golpe militar, segundo a rede BBC.
"Ainda não temos informações precisas sobre o desenrolar dessa crise", disse o embaixador brasileiro na capital do Mali, Bamako, Jorge José Frantz Ramos.
Segundo as declarações do embaixador divulgadas no site da BBC Brasil, cerca de 30 brasileiros vivem no país, a maioria deles funcionários da embaixada ou voluntários, e todos estão bem.
"Aconselhamos que fiquem em casa, tranquilos", disse Ramos. "Estamos mantendo todos informados da situação."
O embaixador afirmou que, na tarde ontem, a calma aparentava estar retornando à capital, com carros voltando a circular pelas ruas. O comércio, porém, permanecia fechado.
Em comunicado, o Itamaraty disse que o governo brasileiro "acompanha com preocupação os acontecimentos em curso no Mali, que levaram à ruptura da ordem constitucional naquele país".
A junta militar que tomou o poder no Mali anunciou ontem que deu fim ao governo instalado em Bamaco e anunciou a dissolução de todas as instituições, assim como a suspensão da Constituição e um toque recolher.
O tenente Amadou Konare, porta-voz dos golpistas, afirmou que os militares atuaram diante da incapacidade do regime do presidente Amadou Toumani Touré para administrar a crise na região norte do país, ante uma rebelião tuaregue e as atividades de grupos islamitas armados desde meados de janeiro.
Konare, cercado por uma dezena de militares, falava em nome da junta que tomou o poder, o Comitê Nacional para a Recuperação da Democracia e a Restauração do Estado (CNRDRE). Pouco depois, o capitão Amadou Sanogo, presidente do CNRDRE, anunciou um toque de recolher.
Mais tarde, os militares golpistas declararam que todas as fronteiras do país foram fechadas. O aeroporto de Bamako foi fechado e os voos anulados até nova ordem.
A União Europeia (UE) condenou o golpe de Estado e pediu a volta da ordem constitucional. "Condenamos o golpe de Estado militar e a suspensão da Constituição. É necessário restaurar as normas constitucionais o mais rápido possível", afirmou Michael Mann, porta-voz da chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton.
ONU
Os 15 países membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas pediram o "restabelecimento imediato da ordem constitucional e do governo democraticamente eleito" no Mali. Em declaração lida pelo embaixador Mark Lyall Grant da Inglaterra, país que preside o conselho, em março, os participantes condenaram com firmeza o golpe de Estado.
Além disso, pediram aos militares amotinados que "garantam a segurança do presidente Amadu Tumani Touré e retornem aos quartéis". O Conselho de Segurança também exige "a libertação de todos os funcionários detidos" e a realização de eleições, conforme prevê o calendário institucional do país.
As eleições no Mali estavam programadas para o dia 29 de abril.
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