O ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev pediu nesta quarta-feira às autoridades da Rússia que anulem os resultados das eleições parlamentares de domingo e convoquem um novo pleito.

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"Os dirigentes do país devem admitir a ocorrência de inúmeras falsificações e fraudes, e que os resultados não refletem a vontade dos eleitores", disse Gorbachev à agência "Interfax".

Por isso, acrescentou, "considero que as atuais autoridades devem adotar uma só decisão: anular os resultados das eleições e celebrar novas".

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O ex-líder soviético indicou que "a cada dia que passa cresce o número de russos que consideram que os resultados do pleito não foram limpos".

"Da minha maneira de ver, fazer caso omisso da opinião pública mina o prestígio da autoridade e desestabiliza a situação", declarou Gorbachev.

As declarações do político cujas reformas mudaram o mundo no último quarto do século 20 ocorrem após dois dias de protestos populares em várias cidades da Rússia, com saldo de 1 mil detidos.

Os manifestantes denunciam que as eleições foram fraudulentas para favorecer à Rússia Unida (RU), o partido do primeiro-ministro Vladimir Putin.

Pelos dados oficiais, apurado 99,9% dos votos, a RU obteve 49,3% das cédulas, o que representa 238 dos 450 cadeiras da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo.

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Todos os setores opositores foram unânimes ao denunciar graves irregularidades no pleito de domingo.

Gennady Zyuganov, o líder do Partido Comunista, a segunda legenda mais votada, denunciou que os resultados do pleito foram falsificados para favorecer o governo.

Para este dirigente, o governo atribuiu a si próprio até 15% a mais de votos do que realmente obteve nas urnas.