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Revolta russa

Gorbachev pede nova eleição

O presidente Dmitry Medvedev cumprimenta Putin, que ignorou protestos e registrou sua candidatura à Presidência | Mikhail Klimentyev/AFP
O presidente Dmitry Medvedev cumprimenta Putin, que ignorou protestos e registrou sua candidatura à Presidência (Foto: Mikhail Klimentyev/AFP)

Diante das denúncias de fraude nas eleições parlamentares do último domingo, o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev (1985-91) pediu ontem que as autoridades russas anulem os resultados e convoquem novo pleito.

Segundo ele, "a cada dia que passa, mais russos consideram que os resultados eleitorais não são limpos".

O Rússia Unida, partido do premiê Vladimir Putin, ganhou as eleições com quase 50% dos votos (15% a menos em relação a 2007). Segundo a oposição e observadores estrangeiros, as eleições foram marcadas por várias irregularidades.

"Os dirigentes do país devem admitir a ocorrência de fraudes, e que os resultados não refletem a vontade dos eleitores", disse Gorbachev à agência Interfax.

As reformas promovidas por Gorbachev, a Perestroika e a Glasnost, nos anos 1980, alteraram o curso da história ao acelerar o colapso da União Soviética e libertar o Leste Europeu. O ex-presidente e ganhador do prêmio Nobel da Paz, que costuma fazer críticas a Putin, é admirado no Ocidente, mas pouco respeitado pelos russos.

Manifestações

O "Movimento por eleições honestas" convocou ontem, por meio das redes sociais, um grande protesto para sábado em pleno centro de Moscou. Outro grupo, batizado "Contra o partido dos caloteiros e ladrões", convocou reuniões diárias. Vários líderes políticos se juntaram aos movimentos. Também foram marcados protestos em outras cidades do país.

As acusações de fraude levaram vários russos a protestarem nas duas principais cidades do país, Moscou e São Petersburgo. Na terça-feira, no segundo dia consecutivo de protestos, cerca de 800 pessoas foram violentamente detidas nas duas cidades pela polícia.

Entre os detidos, Alexei Nalva­­ny, blogueiro que denuncia a corrupção, e Ilia Yachin, líder do movimento opositor liberal Soli­­darnost, foram condenados a 15 dias de prisão por desobedecerem às forças de ordem.

Ontem, manifestantes saíram pelo terceiro dia às ruas de Moscou e São Petersburgo para contestar o pleito que deu maioria ao Rússia Unida, do premiê Putin.

O presidente da União dos Estudantes da Rússia, Artiom Khromov, denunciou que, em algumas universidades, jovens foram obrigados a votar no partido governista e agora são forçados a se manifestar a favor do governo.

Ontem, Putin registrou sua candidatura à Presidência.

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