Ouça este conteúdo
Após uma investigação de quase cinco meses, a procuradoria-geral de Nova York concluiu que o governador do estado, o democrata Andrew Cuomo, "assediou sexualmente" 11 funcionárias e ex-funcionárias do governo estadual. O anúncio foi feito pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James, nesta terça-feira (3).
Advogados independentes entrevistaram 179 pessoas, inclusive atuais e ex-membros do gabinete, policiais estaduais, funcionários adicionais do estado e outros que interagiam regularmente com o governador. Após as conversas, eles concluíram que havia um “ambiente de trabalho hostil” dentro do administração Cuomo, “repleto de medo e intimidação”.
"Essas entrevistas e evidências revelaram um quadro profundamente perturbador, mas claro: o governador Cuomo assediou sexualmente funcionárias e ex-funcionárias estaduais, violando leis federais e estaduais", disse James em entrevista coletiva.
No começo deste ano, várias queixas sobre assédio no ambiente de trabalho foram apresentadas contra Cuomo. Uma ex-assessora acusou o governador de apalpá-la inadequadamente enquanto estavam sozinhos. Outras disseram que ele fez comentários inapropriados de cunho sexual no ambiente de trabalho.
A investigação concluiu também que Lindsey Boylan, ex-assessora, foi alvo de retaliação quando funcionários do governador divulgaram detalhes do arquivo pessoal dela à imprensa, depois de ela ter dito, em suas redes sociais, que Cuomo a assediou por anos.
O relatório ainda afirma que "a equipe sênior [do gabinete de Cuomo] pressionou ex-funcionários a gravar conversas com duas mulheres que apresentaram queixas contra ele na esperança de reunir informações para ajudar o gabinete do governador".
Os investigadores, porém, não concluíram "se a conduta equivale ou deve ser objeto de processo criminal". Autoridades locais podem decidir se vão ou não acusar Cuomo criminalmente com base nas informações contidas no documento.
O governador de Nova York está sendo investigado em uma série de outras questões. Sua administração é acusada de ocultar o número de mortos por Covid-19 em asilos na primeira onda da pandemia, dar acesso preferencial de testes Covid aos parentes de Cuomo e de desviar funcionários do estado de suas funções ao pedir que eles verificassem e analisassem seu livro de memórias, que foi lançado em outubro do ano passado.
O que disse Cuomo
Ao responder sobre o relatório da procuradoria, Cuomo negou todas as acusações contra ele. "Nunca toquei ninguém inapropriadamente ou fiz avanços sexuais inapropriados", disse em um vídeo publicado em suas redes sociais.
Sobre as mulheres que disseram ter se sentido desconfortáveis depois que ele as beijou na bochecha ou na testa, ele disse que esses gestos expressam carinho e que costuma fazer isso sempre, com todo tipo de pessoa, porque foi algo que aprendeu com seus pais.
Cuomo também disse que vai elaborar, com ajuda de especialistas, novas políticas e procedimentos contra o assédio para treinar todos os funcionários do governo do estado.