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O líder opositor e governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, acusou nesta quarta-feira (8) o governo do presidente boliviano Luis Arce de tentar “consolidar um golpe” contra a sua região através de um recurso judicial para colocar no seu lugar uma autoridade “funcional” para o partido governista.
Camacho se pronunciou em carta manuscrita lida pelo senador do seu partido, Creemos, Érick Morón, em frente à prisão de segurança máxima de Chonchocoro, onde o governador está preso desde o final do ano passado acusado de atos relacionados com a crise política de 2019.
No texto, a autoridade departamental afirma que o governista Movimento ao Socialismo (MAS) “pretende consolidar o golpe” que, na sua opinião, o governo Arce deu no governo de Santa Cruz através de uma controversa operação policial de prisão que descreveu como um “sequestro”.
“O objetivo final do governo do MAS é desestruturar a nossa instituição [governo] a fim de instalar um governador que sirva aos seus interesses e assim conseguir extinguir a luta pela democracia que irradia por toda a Bolívia, a partir de Santa Cruz”, disse Camacho na carta.
No final do mês passado, os legisladores departamentais do MAS em Santa Cruz entraram com uma ação judicial para que o vice-governador, Mario Aguilera, assumisse o cargo máximo do departamento que Camacho continua ocupando da prisão.
A audiência, que deveria ter ocorrido nesta quarta-feira, foi adiada para a semana que vem e definirá se Camacho permanece ou não à frente do governo de Santa Cruz.
Os advogados e colaboradores de Camacho declararam que o fato de estar detido não o impede de realizar o trabalho administrativo do governo do departamento de Santa Cruz.
Na carta, Camacho frisa que se trata de uma “disputa” não por uma posição, mas sim de uma “luta pela resistência e pela democracia”.
O governador de Santa Cruz fez um “apelo” à sua região e à Bolívia para impedir “a consolidação” dessa ação e assegurou que agora “defender o governo departamental de Santa Cruz é defender a democracia e as liberdades dos cidadãos” no país.
Camacho foi detido em 28 de dezembro do ano passado, em polêmica operação policial, e depois transferido para La Paz, onde um juiz ordenou a sua detenção preventiva na prisão de Chonchocoro durante quatro meses.
O líder opositor está sendo investigado pelo crime de terrorismo no caso conhecido como “golpe de Estado I”, relacionado à crise política e social de 2019, embora a acusação tenha sido ampliada para suborno ativo e sedução de tropas, que é a usurpação do comando político ou militar.
O partido no poder alega que em 2019 houve um golpe de Estado contra o então presidente Evo Morales, enquanto a oposição sustenta que os protestos que levaram à destituição do presidente ocorreram devido a uma suposta fraude a seu favor nas eleições anuladas daquele ano.