Os primeiros resultados nas eleições gerais da África do Sul indicam uma liderança folgada para o partido do governo, o Congresso Nacional Africano (CNA), abrindo o caminho para a conquista da Presidência do país pelo polêmico líder do partido, Jacob Zuma. De acordo com o correspondente da BBC em Pretoria Peter Biles, com mais de quatro milhões de votos contados, o CNA tinha cerca de 65% dos votos. O maior partido de oposição Aliança Democrática conseguiu 18,5% dos votos, um resultado melhor que o esperado. O Congresso do Povo (Cope, na sigla em inglês), formado por dissidentes do CNA, obteve pouco menos de 8% dos votos, um resultado visto como decepcionante pelo partido.
Segundo Biles, ainda é muito cedo para prever se o partido do governo conseguirá superar a maioria de dois terços das vagas no Parlamento, suficiente para permitir alterações na Constituição. O próximo presidente será nomeado pelo Parlamento em maio. Os resultados oficiais finais serão divulgados apenas nos próximos dias. Mas os partidários do CNA já foram convidados a comemorar o resultado na tarde desta quinta-feira, em Johanesburgo.
Longas filas para registrar o voto
A votação foi a quarta eleição geral realizada no país e a mais competitiva desde o fim do regime de apartheid, em 1994. A Justiça eleitoral da África do Sul anunciou que 87% das pessoas com direito a voto compareceram às urnas.
Cerca de 23 milhões de pessoas se registraram para votar nestas eleições, um recorde para o país. O horário de votação teve que ser estendido em algumas áreas devido às longas filas e a falta de cédulas e materiais para a eleição.
Os melhores resultados colhidos pela oposição foram obtidos na província da Cidade do Cabo, onde resultados preliminares indicam que a Aliança Democrática, liderada por Helen Zille, levou metade dos votos. Zille é prefeita da Cidade do Cabo e tem a maior parte de seu apoio nas grandes comunidades brancas e de raças misturadas da região.
Foi o quarto pleito desde que a eleição de Nelson Mandela acabou com o regime do apartheid. O CNA continua hegemônico desde então, mas muitos sul-africanos agora se sentem frustrados com a corrupção, a pobreza e a criminalidade.
"Estamos entrando em uma era pós-libertação. As pessoas estão falando de novas questões e desafios, e há também uma nova geração que não está vinculada à luta pela libertação", disse o analista independente David Monyae.
"Votei no CNA por lealdade, porque meu pai foi ativo na luta, mas não estou satisfeita com o que eles têm feito", disse Margaret Nkoane, 57 anos, em Soweto, subúrbio de Johanesburgo que se tornou símbolo da luta contra o regime de segregação racial. "Muita gente espera empregos, mas continua vivendo em barracos", acrescentou.
Serão eleitos representantes para 400 postos da Assembleia Nacional, que depois designa o presidente da África do Sul, e das câmaras legislativas e administrações das nove províncias sul-africanas, em um país ainda com fortes divisões étnicas - o que deverá refletir nos resultados.
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