O Congresso Nacional Africano (CNA), partido que governa a África do Sul desde o fim do apartheid, em 1994, lidera o início das apurações da eleição desta quarta-feira (22), embora ainda possa registrar o seu pior resultado dos últimos 15 anos.
Apurados 23 mil votos de um total de 23 milhões de eleitores, o CNA tem 53,6 por cento dos votos. A Aliança Democrática, maior partido da oposição, aparece com 26 por cento. Já o Cope, formado no final de 2008 por dissidentes do CNA, tem apenas 8,7 por cento.
O resultado final deve sair nesta quinta, mas não há dúvidas de que o atual líder do CNA, Jacob Zuma, de 67 anos, será presidente. Mas muitos analistas acham que o partido pode não conseguir uma maioria de dois terços no Parlamento, o que lhe permite emendar a Constituição e reafirmar seu poder.
Frustração
O comparecimento às urnas foi estimado em 80 por cento. Foi o quarto pleito desde que a eleição de Nelson Mandela acabou com o regime do apartheid. O CNA continua hegemônico desde então, mas muitos sul-africanos agora se sentem frustrados com a corrupção, a pobreza e a criminalidade.
"Estamos entrando em uma era pós-libertação. As pessoas estão falando de novas questões e desafios, e há também uma nova geração que não está vinculada à luta pela libertação", disse o analista independente David Monyae.
Durante todo o dia, houve filas nas seções eleitorais de todo o país. Em muitas delas houve falta de cédulas, e outras permitiram que a votação continuasse até bem depois das 21h (16h em Brasília).
"Votei no CNA por lealdade, porque meu pai foi ativo na luta, mas não estou satisfeita com o que eles têm feito", disse Margaret Nkoane, 57 anos, em Soweto, subúrbio de Johanesburgo que se tornou símbolo da luta contra o regime de segregação racial. "Muita gente espera empregos, mas continua vivendo em barracos", acrescentou.
Investidores internacionais torcem para que o CNA não consolide sua hegemonia, pois temem que Zuma ceda a aliados esquerdistas, para os quais a prolongada fase de crescimento do país não se refletiu no bem-estar da população. Zuma promete não alterar a atual política econômica, num momento em que o país corre o risco de viver sua primeira recessão em 17 anos.
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