Bogotá - O governo colombiano acusou ontem as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) de sequestrar dois funcionários de uma empresa multinacional no departamento colombiano de Cauca, no mesmo dia em que iniciaram o processo de libertação de cinco reféns com a ajuda de dois helicópteros do Exército brasileiro.
Os sequestros foram informados pelo presidente Juan Manuel Santos, que aproveitou para apontar a dupla moral dos guerrilheiros que "por um lado libertando reféns, como um gesto de generosidade, e, por outro, sequestrando".
Os novos reféns são Freddy Cuenca e Orlando Valdez, funcionários de uma empresa florestal. Eles foram sequestrados na tarde de quarta-feira na área de El Tambo, no departamento do Cauca.
As autoridades militares atribuíram esses sequestros à sexta frente das Farc, facção que tem forte atividade nessa região do país.
O presidente colombiano admitiu que cogitou suspender o processo de libertações de reféns das Farc após saber que a guerrilha tinha sequestrado os dois contratistas da Cartón de Colombia, uma filial da multinacional irlandesa Smurfit Kappa.
"Estive tentado a suspender as libertações dos reféns", afirmou Santos, que também ajudou no processo para libertação dos cinco reféns em poder das Farc.
O primeiro deles o vereador Marcos Baquero, que ficou 19 meses em cativeiro foi entregue nas selvas do sul do país na quarta-feira, ou seja, no mesmo dia do sequestro de Cuenca e Valdez.
Os comentários do presidente foram feitos enquanto uma missão humanitária, que inclui a ex-senadora Piedad Córdoba e as Forças Armadas brasileiras estão na cidade de Florença (700 quilômetros ao sul de Bogotá), preparava a segunda fase da prometida libertação pelas Farc.
Inaceitável
Em um ato oficial na sede do Executivo colombiano, Santos disse que o jogo duplo das Farc "é totalmente inaceitável", mas, mesmo assim, o presidente afirmou que as libertações não serão suspensas para "não frustrar a esperança das famílias desses reféns".
O presidente assumiu em agosto e uma de suas promessas iniciais foi continuar enfraquecendo e combatendo as Farc.
Para o dia de hoje está prevista a segunda fase da operação, com a entrega de outros dois reféns, e de mais dois no próximo domingo.
É prometida a libertação do também vereador Armando Acuña, dois militares e um policial.