O governo de unidade do Afeganistão anunciou nesta segunda-feira a composição de seu gabinete com 25 ministros, 106 dias após a posse de Ashraf Gani como presidente, que tinha prometido comunicar as nomeações em no máximo 45 dias.
O anúncio inclui também as indicações dos serviços secretos e do Banco Central do país, afirmou em entrevista coletiva em Cabul o chefe de gabinete da presidência afegã, Abdul Salam Rahimi.
Os cargos mais relevantes foram entregue a Sher Mohammed Karmi, ministro da Defesa; Noorulhaq Alomi, ministro do Interior; Salahudin Rabani, ministro das Relações Exteriores; e Ghulam Jailani Popal, ministro da Fazenda.
Karmi foi vice-ministro de Defesa durante o governo de Hamid Karzai, o ex-general Alomi fez parte do Executivo no regime comunista de Mohammed Najibullah e Rabani é filho do ex-presidente afegão Burhanuddin Rabbani.
O gabinete inclui três mulheres: a jornalista e ativista Najiba Ayoubi será a ministra de Assuntos das Mulheres, Khatira Afghan a ministra da Educação e Ay-Sultan Khairi a ministra de Informação e Cultura.
O decreto presidencial de nomeação deverá ser ratificado pelo parlamento, mas ainda não há uma data prevista para a votação.
Os indicados foram designados pelo governo de unidade formado pelo presidente Gani e o chefe do Executivo, Abdullah Abdullah, um cargo criado em função da crise pós-eleitoral pelas denúncias de fraude, que durou vários meses.
Gani anunciou em 29 de setembro que em 45 dias anunciaria seu governo, mas a indicação dos ministros atrasou.
Analistas políticos como Nasrula Ziarmal advertiram que o atraso na formação do gabinete afetava a vida dos cidadãos em áreas como segurança e economia, e atribuíram a demora a uma falta de acordo entre Gani e Abdullah.
Alguns meios de comunicação locais chegaram a informar inclusive que Gani tinha oferecido aos talibãs três ministérios, o que foi negado imediatamente pelas duas partes.
O Afeganistão atravessa um dos seus momentos mais complicados desde a invasão dos Estados Unidos e o fim do regime talibã, há treze anos, com um aumento nos últimos meses dos ataques insurgentes e das vítimas civis.