O governo da Argentina, liderado pelo presidente Javier Milei, criticou nesta quarta-feira (28) a greve em curso no país que está sendo realizada pelos sindicatos da aviação que exigem “melhores salários”.
O governo argentino classificou a greve, que terá duração de 24 horas, como "irresponsável".
"Isso não é nada mais e nada menos do que a irresponsabilidade de um grupo que acredita que vive em outros tempos. Eles deixaram 35 mil pessoas impossibilitadas de viajar, ou seja, 35 mil pessoas que perderam talvez uma oportunidade de emprego, férias ou qualquer outra oportunidade, e nós lamentamos muito", disse o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, em sua entrevista coletiva diária desta quarta.
A Associação de Pessoal Aeronáutico (APA) de rampa e pista, a Associação de Pilotos de Linha Aérea (APLA) e a União de Pessoal Superior e Profissional de Empresas Aerocomerciais (UPSA) adotaram essa medida depois de rejeitarem uma oferta salarial de Aerolineas Argentinas e Intercargo durante as negociações.
Diante deste cenário, Adorni disse que "há aqueles que entendem a situação pela qual o país está passando" e citou as companhias aéreas FlyBondi e American Airlines, que estão operando normalmente.
O porta-voz comentou que, por ordem da ministra da Segurança do país, Patricia Bullrich, a Polícia de Segurança Aeroportuária (PSA) dispersou "um grupo de [manifestantes] violentos que queriam bloquear o acesso ao Aeroparque [Jorge Newbery, em Buenos Aires] e a livre circulação foi garantida em todos os aeroportos do país".
A Argentina registrou uma taxa de inflação no período de um ano de 254,2% em janeiro, com taxas mensais de 12,8% em novembro, 25,5% em dezembro e 20,6% em janeiro, fruto das políticas econômicas adotadas durante a gestão do peronista Alberto Fernández (2019-2023), que deixou o poder em dezembro do ano passado.
Diante da alta inflação, os salários estão perdendo constantemente o poder de compra, apesar de as negociações salariais estarem ocorrendo mensalmente.
A companhia aérea Aerolíneas Argentinas cancelou nesta quarta 331 voos como resultado da greve, que, segundo estimativas, afetará cerca de 24 mil passageiros, dos quais 18 mil são de voos domésticos, 3 mil de destinos regionais e outros 3 mil de internacionais.
Os sindicatos falam de "intransigência" por parte das empresas no comunicado que anuncia a greve, da qual deram, segundo eles, aviso prévio suficiente para que ambas as empresas aéreas locais “pudessem tomar as medidas adequadas para evitar afetar os usuários”.
A companhia low cost Flybondi opera nesta quarta-feira apenas a partir do aeroporto internacional de Ezeiza, na província de Buenos Aires, porque tem seus próprios serviços, mas os demais aeroportos tiveram que ajustar seus voos. Por sua vez, os voos da American Airlines decolaram e aterrissaram normalmente. (Com Agência EFE)