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Cumplicidade

Governo argentino processa chefes de jornais

O governo da Argentina apresentou na terça-feira (21) acusações formais contra os chefes dos principais jornais do país, Clarín e La Nación, alegando que eles agiram em cumplicidade com a ditadura militar em crimes contra a humanidade. O processo é a última etapa de uma luta de poder entre a presidente Cristina Kirchner e os grupos de imprensa privados, que juntos controlam a única empresa produtora de papel do país, Papel Prensa.

Cristina apresentou um relatório de 26 mil páginas no mês passado, acusando o Clarín e La Nación de ganhar o controle da Papel Prensa em 1976 com o apoio da ditadura militar (1976-1983). Oposicionistas acusam o governo de tentar sufocar a imprensa crítica à atual administração.

"O Secretariado para os Direitos Humanos apresentou na terça-feira processo pelo vínculo entre a venda ilegítima da Papel Prensa e crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura", afirma um comunicado oficial. O governo argumenta que o acesso ao papel para a impressão de jornais é de interesse público e o acordo em questão foi injusto. Os diários argumentam que Cristina quer controlar a imprensa, ao se apoderar do suprimento de papel do setor.

O governo pediu que a Justiça abra acusações contra Ernestina Herrera de Noble e Hector Magnetto, respectivamente proprietário e diretor-gerente do Clarín, e Bartolomé Mitre, editor do La Nación. Também pede processos contra Sergio José, Marcos e Hugo Fernando Peralta Ramos, ex-proprietários de La Razón, atualmente de propriedade do Clarín. O La Razón foi parte de um acordo de 1976 que deu aos jornais o controle majoritário da Papel Prensa. O mesmo documento pede acusações contra os ex-ditadores Jorge Videla e Emilio Massera, membros à época da junta militar que comandava o país, e do ex-ministro da Economia José Martínez de Hoz.

O Clarín e o La Nación qualificaram a iniciativa do governo como uma "aberração moral e jurídica, carente de qualquer sustentação em fatos". Os diários notaram que, em 27 anos de democracia, nunca havia sido questionada a transação envolvendo a Papel Prensa. As informações são da Dow Jones.

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