O governo do presidente Alberto Fernández decidiu nesta segunda-feira (17) suspender as exportações de carne de gado na Argentina por 30 dias, depois de seguidos aumentos do preço interno do produto no último ano. Em retaliação à medida, organizações pecuaristas do país convocaram nesta terça-feira a interrupção da comercialização de carne bovina entre esta quinta-feira (20) e sexta-feira da semana que vem (28).
"A suspensão das exportações de carnes por 30 dias é um erro e um retrocesso em todos os sentidos. Causará danos irreparáveis a um setor produtivo que tem demonstrado gerar emprego e atividade em todo o território nacional", disse Daniel Pelegrina, presidente da Sociedade Rural, no Twitter, na segunda-feira (17).
Entre abril de 2020 e abril de 2021, o preço da carne de gado na Argentina aumentou cerca de 63%, acima da inflação anual do período, que foi de 46%, segundo dados oficiais do governo. Em abril, a secretária de Comércio Interior, Paula Español, já havia dito que a suspensão da exportação de carne era uma opção que estava sendo considerada pelo governo para controlar o preço interno do produto. Dias depois, autoridades argentina aumentaram as exigências para a exportação de carne, grãos e produtos lácteos, em uma série de medidas implementadas para controlar os preços dos alimentos na Argentina.
"Como consequência do aumento sustentado do preço da carne bovina no mercado interno, o governo nacional decidiu implementar um conjunto de medidas emergenciais”, informou o Ministério do Desenvolvimento Produtivo. A pasta disse que, entre essas medidas, estão: ordenar o funcionamento do setor, restringir práticas especulativas, melhorar a rastreabilidade de exportação e evitar evasão fiscal no comércio exterior. Enquanto essas medidas não são implementadas, a exportação de carne de gado ficará limitada por 30 dias.
Fernández defendeu a decisão e aproveitou para criticar o ex-presidente Maurício Macri. "O tema da carne saiu do controle" depois que o governo de Macri decidiu dar "total abertura ao setor" depois que a China se tornou um grande comprador de carne argentina, disse o presidente em entrevista à rádio Radio10.
"Tem sido uma grande tentação o surgimento da China comprando carne, porque eles pagam preços altíssimos e para todos se torna uma oportunidade única", mas, segundo Fernández, isso não implicou em um aumento na quantidade de toneladas abatidas ou cabeças oferecidas aos mercado. "75% dos 80% que são exportados vão para a China. O preço internacional subiu tanto devido à grande demanda, que passou a competir com o preço doméstico", disse.
Não é a primeira vez que o kirchnerismo barra exportações de produtos agropecuários no país. Durante as presidências de Néstor e Cristina Kirchner ocorreram fechamentos temporários da exportação de carnes, além da criação do Registro de Operações de Exportações, uma série de medidas impostas para frear a exportação de carne na Argentina entre 2006 e 2015.
"A decisão destrói a imagem da Argentina como fornecedor confiável e mais uma vez entregaremos os mercados aos nossos principais concorrentes. E o pior de tudo, como demonstrou a história recente do kirchnerismo, isso não vai contribuir para a redução dos preços, principalmente no longo prazo", acrescentou Pelegrina, da Sociedade Rural.
A Argentina é o quarto maior exportador de carne bovina do mundo, atrás de Brasil, Austrália e Índia.
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