Líderes opositores do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, desembarcaram nesta quarta-feira (16) e na madrugada desta quinta (17) em Brasília, chamados para uma reunião com o chanceler Ernesto Araújo.
O encontro, que ocorre no Palácio do Itamaraty, visa discutir maneiras de aumentar a pressão internacional sobre Maduro, que é considerado um mandatário ilegítimo pelos países que compõem o chamado Grupo de Lima, entre eles o Brasil.
A reunião conta com expoentes da oposição ao chavismo, como o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma e o deputado opositor Julio Borges, que vivem em exílio.
Na chegada ao Itamaraty, Ledezma defendeu que o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, seja reconhecido pela comunidade internacional como presidente legítimo do país.
O governo Bolsonaro tem como uma das suas prioridades na área internacional aumentar a pressão sobre a Venezuela. No início de janeiro, os chanceleres do Grupo de Lima acordaram não reconhecer a legitimidade do novo mandato de Maduro, por considerarem que as eleições presidenciais de maio do ano passado no país não foram justas nem transparentes.
Durante visita do presidente da Argentina, Mauricio Macri, nesta quarta em Brasília, o tema Venezuela foi novamente tratado. Macri fez duras críticas a Maduro durante pronunciamento à imprensa e afirmou que a Assembleia Nacional, de maioria opositora, é o único poder legítimo na Venezuela.
Mas o regime chavista não está completamente isolado e conta com o apoio de nações importantes como a China, a Turquia, o Irã e, principalmente, a Rússia.
No mesmo dia em que Macri chamou Maduro de ditador, o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que a Rússia está preocupada com o discurso dos EUA sobre uma possível opção militar para a Venezuela, e acusou Washington de apoiar a oposição no país para impedir negociações com o governo.
Lavrov afirmou que a abordagem dos americanos na Venezuela é prova dos esforços dos EUA para enfraquecer governos aos quais se opõem.
Leia também: Rússia financia ditadura chavista em troca de importantes ativos energéticos
Também nesta quarta, o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, publicou via redes sociais, um comunicado em que exige que os EUA "respeitem a democracia venezuelana".
O texto tinha como destinatários, especificamente, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o vice-presidente, Mike Pence, que estiveram em contato com Juan Guaidó.
O assessor de segurança dos EUA, John Bolton, respondeu com mensagem nas redes sociais: "Instamos a todos os líderes venezuelanos, incluídos os militares, a defenderem o Estado de Direito e a ordem constitucional".
Bolton disse ainda que a Assembleia Nacional é o único "órgão governamental legítimo e democrático eleito na Venezuela".
México quer outra abordagem
Após ter sido criticado pela comunidade internacional por não assinar o documento do Grupo de Lima, o México sinalizou, nesta quarta-feira (16), que estaria disposto a ajudar a negociar um acordo para o fim da crise na Venezuela.
A informação, divulgada pelo jornal espanhol El País, foi dada pelo subsecretário de Relações Exteriores mexicano, Maximiliano Reyes Zúñiga. "A diplomacia mexicana está disposta a assumir essa responsabilidade", disse, durante uma sessão no Senado.
Reyes Zúñiga afirmou que o México não quis assinar o documento do Grupo de Lima e preferiu continuar mantendo relações com a ditadura Maduro– tendo mandado inclusive um representante para a posse – porque "a prioridade do governo é enfrentar a crise humanitária venezuelana, e com relações cortadas seria muito mais difícil".
E acrescentou: "O México de nenhuma maneira quer mostrar-se despreocupado com o que ocorre na Venezuela, mas não queremos cair no extremo antagonista em que se encontram as partes envolvidas no conflito."
Por fim, afirmou que o governo do esquerdista Andrés Manuel López Obrador gostaria de "gerar pontes de diálogo e se apresentar como mediador dos conflitos internos do país".
Negociações entre o governo e a oposição já foram tentadas antes, na República Dominicana, com o Vaticano e com o ex-líder espanhol José Luis Zapatero como mediadores. Porém, a iniciativa não deu resultados e o ditador se manteve no poder.