Entrevista
"Estamos unidos por Itaipu", diz presidente paraguaio sobre o Brasil
Frederico Franco, presidente do Paraguai
Unilateral
Na relação com Lula, Lugo não retribuiu as vantagens que ganhou
Fabiula Wurmeister, da sucursal Foz do Iguaçu
Entre os feitos do ex-presidente Fernando Lugo, está o aumento significativo do valor pago pela cessão de energia vendida pela Itaipu Binacional ao Brasil e a garantia da construção da linha de transmissão de 500kV da hidrelétrica até a capital Assunção.
Na época da assinatura do acordo firmado por Lula e Lugo em julho de 2009, o reajuste do repasse era apenas um item da série de reivindicações feitas pelos paraguaios.
Na lista de exigências estavam ainda o perdão da dívida gerada pela construção da usina, na ocasião avaliada em US$ 19 bilhões, e a possibilidade de o Paraguai vender a metade a que tem direito na produção da hidrelétrica diretamente no mercado brasileiro ou para outros países interessados, como a Argentina e o Chile.
Em contrapartida, Assunção se comprometeu a acalmar os ânimos e as ameaças encabeçadas por grupos de sem-terra cujo principal alvo tem sido os agricultores brasileiros que vivem no país e a facilitar a regularização de milhares de imigrantes ilegais do Brasil, o que não foi cumprido.
O ministro brasileiro de Minas e Energia, Edison Lobão, rechaçou ontem qualquer possibilidade de intervenção do Paraguai na usina hidrelétrica de Itaipu, que tem a gestão compartilhada com o Brasil. O pronunciamento de Lobão veio um dia depois de o novo governo paraguaio ter nomeado Franklin Rafael Boccia Romañach como o novo diretor-geral paraguaio da usina, substituindo Efraín Enríquez Gamón.
Durante o discurso de posse, Romañach defendeu a redução da venda de energia elétrica excedente aos brasileiros e "uso pleno" da energia pelo Paraguai.
Pelo tratado entre os dois países, Paraguai e Brasil têm direito a partes iguais da eletricidade produzida na usina. Atualmente, o país vizinho consome cerca de 10% da energia gerada em Itaipu e vende o excedente ao Brasil.
De acordo com Lobão, a administração da usina é autônoma, gerida pelos dois países ao mesmo tempo, inclusive com duplicidade de diretores em cada área. "Não pode haver nenhuma retaliação. A venda de energia é regida por tratado e acordos entre os países que só pode ser alterado pelo parlamento do Brasil e do Paraguai", disse.
Segundo Lobão, na hipótese do Parlamento paraguaio aprovar as mudanças, elas só passariam a vigorar caso o Congresso Brasileiro também aceitasse as mudanças.
Por meio da assessoria de imprensa, o diretor brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, disse que aguarda o posicionamento do Ministério das Relações Exteriores para se pronunciar sobre o assunto.
Excedente
Para o especialista em energia Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), se a crise paraguaia levasse a níveis muito elevados de tensão entre os dois países, o Paraguai poderia no limite, em tese, parar de vender sua cota não utilizada da energia de Itaipu.
Mas, segundo o próprio Adriano Pires, em entrevista à agência Reuters, isso é pouco provável por questões econômicas, devido à perda de receita que o governo paraguaio teria.
OEA enviará missão para avaliar o país
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, anunciou ontem que a organização enviará uma missão ao Paraguai para avaliar a situação do país após o processo de impeachment do presidente Fernando Lugo, na última sexta.
A comitiva foi aprovada após a reunião de 34 membros da organização, que terminou sem consenso sobre as ações que devem ser tomadas após a queda de Lugo e a entrada de Federico Franco.
A moção foi proposta pelo representante de Honduras e aprovada por 25 países.
As delegações de Argentina, Brasil e Uruguai, membros plenos no Mercosul junto com o Paraguai, preferiram esperar a cúpula de países marcada para a próxima sexta-feira, em Mendoza, na Argentina, para avaliar o que aconteceu no Paraguai.
Milagre
Lugo disse ontem que somente um milagre pode fazê-lo retornar ao poder, pois as portas jurídicas e políticas foram fechadas. Ele anunciou, no entanto, que fará uma cruzada para explicar ao povo paraguaio os bastidores do julgamento político relâmpago que o tirou da Presidência.
Lugo falou também sobre a reunião do Mercosul. "Estou quase decidindo que não viajarei na sexta-feira [para Mendoza] pelos motivos que estou dizendo, que os presidentes da região se sintam em liberdade... Não quero pressionar nem os presidentes, nem os países da região a tomarem decisões", disse.
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