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Quito – Quando foi eleito, em novembro de 2006, Rafael Correa contou ter sido acordado com um telefonema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, parabenizando-o pela vitória no dia anterior. Os dois brincaram sobre futebol e prometeram aumentar a cooperação entre Brasil e Equador. De lá para cá, Correa já visitou duas vezes Brasília e Lula veio a Quito uma vez.

Diversos acordos e protocolos de intenção foram assinados pelos dois países desde então, destaque para os setores de energia e transporte. O Brasil quer investir mais no Equador, o Equador quer reduzir seu déficit comercial com o Brasil, em torno de US$ 600 milhões. Hoje, o intercâmbio comercial entre os dois países é de US$ 903,7 bilhões. "As relações com o Brasil são ótimas, e o fortalecimento das mesmas inscreve-se dentro de uma coincidência política entre os dois presidentes", avaliou, na semana passada, a ministra das Relações Exteriores e de Comércio Exterior do Equador, María Fernanda Espinosa, embora reconhecendo a dificuldade em se reduzir o déficit pois, afinal, o Brasil produz muito do que o Equador tem para exportar (flores, peixe, banana, artesanato). Lula prometeu ajudar Correa, e a Petrobras voltou a reafirmar seu interesse no petróleo equatoriano.

Desde 2002, a empresa brasileira investiu US$ 461 milhões nos poços do país e quer investir quase US$ 1 bilhão até 2010. Atualmente, a empresa atua no chamado Bloco 31, onde produz cerca de 30 mil barris/dia.

Correa ajudou o governo brasileiro a resolver um problema de greve local, que havia interrompido a produção, em março último. O Brasil também faz parte do consórcio que construiu e explora o oleoduto OCP, por onde passa o pesado petróleo equatoriano. "A menina dos olhos do Brasil, no entanto, é poder explorar a ITT, uma bacia completamente nova e de grande potencial (190 mil barris/dia) que, até hoje, não foi explorada porque fica numa reserva ambiental da Amazônia equatoriana tombada pela Unesco e exige muita tecnologia, já que o petróleo lá é ainda mais pesado", diz o economista Simón Cueva, da Cooperação de Estudos para o Desenvolvimento (Cordes). No Brasil, Correa e Lula assinaram um memorando de entendimento sobre a ITT: ou seja, a Petrobrás demonstrou seu interesse em explorar a região, num consórcio com a Enap chilena e a Sinopec chinesa. "O problema é que tem integrantes do governo Correa que preferem explorar, e outros que não querem, dependendo de se cobrar uma alta taxa de organizações ambientais, ou de se conceder o direito à PDVSA venezuelana", diz Cueva.

Nisso, as boas relações entre os dois presidentes podem contar muito. Mas, se Correa é aliado de Lula, é ainda mais do venezuelano Hugo Chávez. "Apesar de amigo e seguidor do projeto socialista do século 21 de Chávez, Correa tem uma inteligência que surpreende, e às vezes faz coisas que desagradam a Chávez como, por exemplo, salientar, junto com Lula, a importância de se renovar a matriz energética com biocombustível nos dois países", diz a articulista Thalia Flores, do jornal Hoy, de Quito.

Outro grande projeto que Brasil e Equador devem realizar nos próximos anos é a construção da Base Manta-Manaus, uma das principais promessas de campanha de Correa – uma mistura de estradas terrestres e hidrovias, juntamente com um aeroporto, que ligaria diretamente Brasil e Equador.

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