Brasília - O chanceler Antonio Patriota afirmou que a retirada de mulheres e crianças brasileiras da Líbia é prioridade para o Brasil. Ontem, os governos dos dois países negociaram a retirada de 123 brasileiros de Benghazi, epicentro dos choques, em um avião fretado.
"A ideia era que mulheres e crianças deixassem a Líbia agora, mas, se a situação continuar se deteriorando, esse quadro poderá se transformar, disse Patriota.
Segundo o chanceler, 123 funcionários da construtora Queiroz Galvão pediram ajuda para sair de Benghazi. Um avião fretado pela empresa aguardava, desde ontem, autorização para decolar com eles para Trípoli.
Ontem, o embaixador brasileiro na Líbia, George Fernandes, pediu apoio ao premier líbio. Em Brasília, embaixador líbio, Salem Al Zubaidi, foi chamado ao Itamaraty para tratar do assunto, mas não concedeu a autorização.
Pelo menos 50 desses brasileiros estão na mesma casa em Benghazi. A filha de um deles, Mariana Moreira, disse que no último sábado, o embaixador do Brasil organizou um plano de fuga, mas o grupo não conseguiu chegar ao aeroporto.
Patriota disse que, além dos 123 funcionários da construtora, outros 30 brasileiros pediram ajuda para sair de Benghazi. O Itamaraty negocia com Portugal, que também tem cidadãos na cidade, uma solução conjunta de socorro.
Porém, nem todos os brasileiros na Líbia desejam retornar agora ao Brasil. Segundo o Itamaraty, cerca de 600 brasileiros vivem no pais, 400 deles só na capital.
Além da Queiroz Galvão, a Odebrecht disse ter 187 funcionários brasileiros no país e a Petrobras, 10.
A Odebrecht disse em nota estar tentando retirar seus funcionários. Já a Petrobras disse que seu grupo não está em uma área de perigo.
Repúdio
Patriota repudiou ontem a violência contra manifestantes desarmados na Líbia, durante visita à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIesp). "[As autoridade líbias] alcançaram um padrão de violência absolutamente inaceitável, afirmou.
O chanceler disse ainda que as revoltas árabes e a situação da Líbia podem ser introduzidas na agenda do Conselho de Segurança da ONU do qual o Brasil ocupa a presidência neste mês. Porém, segundo ele, ainda não há consenso entre os 15 membros e os temas só são tratados informalmente.