O governo britânico foi informado previamente sobre a detenção de David Miranda, o companheiro do jornalista que denunciou os programas secretos de vigilância britânico e dos EUA com base em vazamentos de Edward Snowden, no aeroporto de Heathrow. A informação foi confirmada nesta terça-feira (20) pela ministra do Interior, Theresa May, que disse em entrevista à rede BBC que recebeu um aviso prévio da decisão por parte da polícia para deter Miranda.
Como parte de uma ofensiva do governo para justificar a detenção, ela elogiou a ação da polícia, alegando que Miranda, que é brasileiro e voltava de uma viagem a Berlim, possuía documentos confidenciais que poderiam "ajudar terroristas e levar a perda de vidas".
"Eu recebi a informação de que havia a possibilidade de detê-lo. Mas nós vivemos em um país onde as decisões quanto à possibilidade ou não de parar alguém ou de prender alguém não cabem a mim, como ministra. Elas devem ser tomadas pela polícia. Eles têm a sua independência operacional."
Mais cedo, o governo britânico também saiu em defesa da detenção, baseada na lei antiterrorismo, alegando que o Estado tem o dever de "proteger o público". O jovem de 25 anos foi interrogado durante nove horas no domingo no aeroporto de Heathrow, em Londres, antes de ser liberado sem acusações. O incidente despertou cobranças por explicação de por que os poderes antiterrorismo foram usados para detê-lo.
"O governo e a polícia têm o dever de proteger o público e nossa segurança nacional", disse um porta-voz do Ministério do Interior britânico em comunicado. "Se a polícia acredita que um indivíduo está na posse de informações roubadas altamente sensíveis, que poderiam ajudar o terrorismo, então ela deve agir e a lei lhes proporciona uma estrutura para fazer isso. Aqueles que se opõem a esse tipo de ação precisam pensar sobre o que estão consentindo."
Por meio de uma carta, os advogados de David Miranda solicitaram ao Ministério e à Scotland Yard a devolução do material confiscado dentro de sete dias. Os advogados buscam uma garantia oficial de que não haverá "nenhuma inspeção, cópia, divulgação, transferência, distribuição ou interferência em qualquer dado" do brasileiro enquanto não houver uma decisão judicial.
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