Apoiadores de Henrique Capriles escapam de gás lançado pela polícia durante manifestação em Caracas, no dia 15| Foto: Christian Veron/Reuters

O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, lançou uma advertência na noite de quinta-feira: deputados venezuelanos que não reconheçam a vitória de Nicolás Maduro deixarão de receber seus salários.

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A medida, que deve ser estendida a assembleias estaduais e câmaras municipais, foi anunciada depois de o líder da oposição Henrique Capriles anunciar que vai pedir a impugnação da eleição presidencial do último dia 14.

Os parlamentares tampouco terão direito a discursar. A advertência de Cabello foi feita durante uma visita ao estado de Anzoátegui, e foi reproduzida pelos jornais venezuelanos nesta sexta-feira. "É lógico e coerente. Como vou pagar a um fantasma? Se não trabalham, não podem cobrar. E não trabalham porque não reconhecem Maduro", disse Cabello.

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Nomeado herdeiro político de Hugo Chávez, Maduro venceu a eleição presidencial por menos de dois pontos percentuais, o que levou a oposição a pedir a recontagem dos votos. Mas o Conselho Nacional Eleitoral concordou apenas com uma auditoria.

A tensão se estendeu à Assembleia Nacional. Na sessão do dia 16, Cabello negou o direito de palavra aos deputados que não reconheceram a eleição de Maduro e, no dia seguinte, substituiu os opositores que ocupavam a presidência de comissões parlamentares.

O presidente da Assembleia Nacional afirmou que continuam as investigações para que Capriles "pague por delitos" cometidos ao incitar a violência.

Nos protestos após a eleição, nove pessoas morreram em confrontos.

Extorsão

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A decisão do presidente da Assembleia Nacional foi classificada como uma extorsão pelo deputado Carlos Berrizbeitia, do Prove, que afirmou que Cabello atua como "o comandante de um batalhão". Berrizbeitia, no entanto, declarou que os opositores não pretendem ceder, mesmo com a suspensão dos salários. Eles continuarão a comparecer ao Parlamento, apesar de considerarem ilegal a falta de pagamento.

Posição semelhante foi adotada por Rodolfo Rodríguez, da Ação Democrática. Rodríguez considera que as medidas representam uma limitação à liberdade de expressão dos parlamentares. Outros opositores também manifestaram a intenção de continuar a comparecer ao Parlamento. "É uma medida inédita no mundo democrático", criticou o deputado Rodríguez.

ReaçãoCapriles vai contestar na Justiça o resultado da eleição na Venezuela

Reuters

O líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, disse que vai contestar na Justiça a vitória apertada do presidente Nicolás Maduro na eleição presidencial deste mês, e que a auditoria dos votos preparada pelas autoridades eleitorais pode ser "uma piada".

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Maduro, o sucessor escolhido a dedo pelo líder socialista Hugo Chávez antes de sua morte, venceu a eleição de 14 de abril com menos de dois pontos percentuais de vantagem. A oposição afirma que houve milhares de irregularidades na eleição, e que seus próprios números mostram uma vitória de Capriles.

Ambos os lados concordaram com a realização de uma auditoria expandida dos votos a ser realizada pelo Conselho Nacional Eleitoral. Desde então, Maduro foi empossado como presidente e a oposição tem ficado cada mais frustrada com o que vê como lentidão das autoridades eleitorais.

Protestos pós-eleitorais resultaram na morte de ao menos nove pessoas.

Capriles insistiu que o processo de auditoria precisa ser rigorosos e incluir toda a documentação relevante dos locais de votação.

"Se não houver revisão dos cadernos [eleitorais], nós não vamos participar dessa auditoria. Seria uma piada na Venezuela e uma piada no mundo", disse Capriles em entrevista transmitida pelo canal de TV Globovisión.

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