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Luto

Governo chinês enfrenta ira da população após morte de médico que alertou sobre coronavírus

Chineses prestam tributo ao médico Li Wenliang
Chineses prestam tributo ao médico Li Wenliang (Foto: Divulgação/AFP)

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O governo da China enfrentou uma torrente de críticas na rede social chinesa após a morte do médico que havia sido reprimido pelas autoridades locais do partido comunista por ter sido um dos primeiros a alertar sobre a existência de um novo coronavírus na cidade de Wuhan, onde a epidemia começou. O médico oftalmologista Li Wenliang morreu nesta quinta-feira (6), depois de ser infectado por coronavírus enquanto tratava seus pacientes.

Na rede social Weibo, internautas chineses estão pedindo para que o governo se retrate e peça desculpas ao doutor Li. Alguns acusam o governo de subestimar a gravidade do novo vírus e de tentar acobertar os casos. Segundo a BBC News, duas hashtags estavam em destaque no Weibo logo após a notícia da morte do doutor Li: "Governo de Wuhan deve desculpas ao Dr. Li" e "Queremos liberdade de expressão". Elas, porém, foram rapidamente censuradas na rede social.

A Comissão Nacional de Supervisão da China, principal órgão anticorrupção do país, disse nesta sexta-feira (7)que enviará uma equipe especial a Wuhan para investigar as circunstâncias da morte de Li. O governo municipal de Wuhan, por sua vez, publicou uma homenagem ao médico em seu website, expressando profunda tristeza e condolências à família dele.

Li Wenliang, de 34 anos, trabalhava no Hospital Central de Wuhan durante as primeiras semanas do surto, quando soube que sete pacientes estavam em quarentena no hospital com sintomas parecidos com os da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), uma infecção por vírus que matou mais de 700 pessoas em 2003.

Li alertou seus colegas sobre os casos por mensagens em um grupo privado, em 30 de dezembro, recomendando que eles usassem equipamentos de segurança para evitar a infecção. Após as suas mensagens circularem nas redes sociais, o médico recebeu a visita de autoridades, que o acusaram de "divulgar informações falsas" que "causaram distúrbios graves à ordem social", segundo o relato do médico em redes sociais. Outras sete pessoas também foram investigadas pela polícia.

O médico começou a ter sintomas de infecção por coronavírus em 10 de janeiro, após ter contato com pacientes no hospital em que trabalha. Ele foi internado dois dias depois; suas condições de saúde pioraram e ele passou a ser tratado na unidade de terapia intensiva. Li confirmou à CNN que foi diagnosticado com infecção por coronavírus em 1º de fevereiro.

A morte de Li é mais um revés político para o presidente da China, Xi Jinping, que já estava tendo que lidar com críticas internas e externas sobre como o governo comunista está lidando com a epidemia do novo coronavírus.

Casos de coronavírus

O número de pessoas infectadas por coronavírus na China continental já passa de 31 mil e 636 pessoas morreram. No resto do mundo, mais de 300 casos foram confirmados e duas mortes decorreram da contaminação, uma em Hong Kong e outra nas Filipinas. Ao todo, mais de 1500 pessoas se recuperaram da doença causada pelo coronavírus.

Conteúdo editado por: Isabella Mayer de Moura

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