O governo da Itália decidiu dissolver a prefeitura de Corleone por vínculos com a máfia. Foi nesta pequena cidade da Sicília, de apenas 11 mil moradores, que surgiram poderosos chefões, incluindo Totò Riina e seu sucessor, Bernardo Provenzano, que morreu no mês passado com 83 anos.
Em janeiro, o ministro italiano do Interior, Angelino Alfano, ordenou uma investigação de incidentes relacionados ao crime organizado.
A possível ligação da prefeita Leoluchina Savona com a máfia chamou atenção porque ela era conhecida justamente por sua política de combate aos mafiosos. Chefe do executivo desde 2002, Leoluchina negou ter qualquer vínculo com os criminosos.
O irmão da prefeita, Giovanni Savona, chegou a participar de uma reunião com mafiosos locais que queriam alugar uma fábrica de propriedade do município.
Um dos casos investigados é a contratação da filha do capo Rosario Lo Bue — acusado de planejar o assassinato do ministro do Interior — para o cargo de assistente sanitária. O processo seletivo não foi publicado no site da prefeitura.
Outra polêmica envolveu instalações próximas ao campo de esportes da comunidade. Um funcionário da prefeitura foi detido por favorecer a máfia em sua gestão de contratos e por acobertar reuniões realizadas pelos criminosos em instalações municipais.
Representantes de diferentes partidos políticos denunciam a situação há tempos.
“A dissolução da prefeitura de Corleone é grave e dolorosa. A responsabilidade de quem permitiu que a Cosa Nostra participasse de atividades administrativas é imperdoável”, disse o senador do Partido Democrata Giuseppe Lumia, membro da Comissão Parlamentar Anti-Máfia.
Totò Riina foi condenado à prisão perpétua pela morte de cerca de 40 pessoas e por ter ordenado o assassinato de mais de cem 100, entre eles os juízes anti-máfia Giovanni Falcone e Paolo Borsellino.
Apesar de sua história ligada ao crime, o governo de Corleone nunca tinha sido dissolvido por ligações com a máfia. Corleone é o sobrenome do personagem fictício do filme “O Poderoso Chefão”.
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