Protesto em Caracas contra o presidente Nicolas Maduro| Foto: Carlos Garcia Rawlins

O governo venezuelano convocou nesta quinta-feira a população a protestar "contra o fascismo", horas depois das maiores manifestações organizadas por estudantes contra o presidente Nicolas Maduro e que terminaram com 3 mortos, dezenas de feridos e cerca de 80 presos.

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Sob o lema "Venezuela unida contra o fascismo", a ministra da Informação Delcy Rodriguez convocou nesta quinta-feira "todos os movimentos sociais e o povo" para uma concentração "contra a violência da oposição!", num momento em que os dois lados trocam acusações sobre a responsabilidade sobre a violência que marcou o final da quarta-feira.

"O plano golpista será derrotado novamente!", escreveu por sua vez o ministro do Turismo, Andres Izarra, no Twitter, em referência à convocação à manifestação pró-governo.

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Paralelamente, estudantes da Universidade Alejandro de Humboldt saíram às ruas de Caracas para protestar pela morte do colega Bassil Alejandro DaCosta, uma das três vítimas da véspera. "Estamos de luto. Hoje foi Alejandro. Amanhã quem será?", diziam os cartazes da manifestação, que provocou um engarrafamento em uma das avenidas de Caracas. Eles exigem ainda informações sobre Demian Martín, um estudante detido na véspera.

Hoje, várias cidades venezuelanas amanheceram com caveirões da Guarda Nacional e policiamento reforçado.

Na quarta-feira, milhares de estudantes, acompanhados por líderes da oposição, marcharam por Caracas e outras cidades contra a insegurança, a inflação e a escassez de produtos, em uma nova escalada dos protestos universitários que ocorrem há dez dias e que levaram a confrontos entre grupos chavistas e unidades antimotim. O protesto, o mais intenso contra Maduro desde que ele sucedeu Hugo Chávez, há quase um ano, provocou incidentes durante várias horas.

"Lamentável o assassinato de um membro combativo da Revolução Bolivariana perto da Praça Candelária (a 200 metros de onde os opositores protestavam). Foi assassinado de forma vil pelo fascismo", disse mais cedo Diosdado Cabello, presidente da Câmara, em um ato transmitido pela televisão oficial, referindo-se a um simpatizante do chavismo, identificado como morador do bairro popular 23 de Janeiro, reduto do governo.

Também um manifestante do município opositor de Chacao teve sua morte anunciada na página do Twitter do prefeito da cidade, Ramón Muchacho. Segundo o jornal "El Nacional", antes de receber um tiro de dois homens em uma motocicleta, Roberto José Redman Orozco tuitou que havia ajudado a carregar o corpo de Dacosta.

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"Hoje levei uma pedrada nas costas, respirei gás lacrimogêneo e carreguei o cara que morreu", escreveu Orozco.

A juíza Ralenys Tovar ordenou ao Serviço Bolivariano de Inteligência a detenção do opositor Leopoldo López, acusado de homicídio, lesões graves e associação para delinquir, informou o site do jornal "El Universal", que publicou uma imagem da ordem de detenção.

Em um discurso exaltado transmitido por rádio e televisão, Maduro denunciou um "golpe de Estado em desenvolvimento", mas prometeu que "a revolução bolivariana vai triunfar". Maduro, que assistiu a um grande desfile militar, que exibiu mísseis em rampas de lançamento móveis e blindados, disse ter dado "instruções muito claras às forças de segurança e quem sair para tentar exercer violência sem permissão para mobilização será detido".