Produtos como o papel higiênico estão em falta no país| Foto: Jorge Silva/Reuters

A busca por papel higiênico tornou-se uma cena repetida nos últimos dias nos supermercados venezuelanos, que, segundo reconheceu o próprio governo, atravessam uma escassez "aguda" de alguns produtos básicos, entre eles, os rolos de papel e a farinha de milho.

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Embora na Venezuela os problemas de abastecimento sejam comuns, a situação piorou nos últimos meses em meio à falta de dólares para que o setor privado financie as importações de alimentos. Isso teve como consequência uma alta do chamado índice de escassez, que mede as dificuldades para conseguir produtos e que, em abril, atingiu 21,3%, o maior em cinco anos, segundo o Banco Central venezuelano.

Para atenuar essa situação, o governo autorizou a importação de 760 mil toneladas de alimentos e se abriu para agilizar a historicamente lenta atribuição de divisas para o setor produtivo. Além disso, iniciou uma rodada de conversas com empresários para aumentar a produção local, golpeada nos últimos anos pelos controles de câmbio e de preços que regeram o país na última década.

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De acordo com os analistas, esse diálogo com empresários pode ser um passo para mostrar que o governo está se esforçando para resolver o problema e atenuar o golpe em sua popularidade gerado pela escassez.

"Apesar de o desabastecimento ser um problema negativo, ao mesmo tempo é uma oportunidade para levar os empresários a Miraflores (sede do governo) e dar uma imagem de diálogo", disse Luis Vicente León, presidente da empresa de consultoria Datanálisis.

No entanto, para os co­­mer­­ciantes do país, a estratégia oficial não aborda o "severo e custoso problema de fundo: a obsolescência dos controles de preços e do inoperante controle de câmbio", segundo expressaram em comunicado.

Os controles de preços, com os quais o governo mantém congelados uma ampla gama de produtos da cesta básica, são vistos pelos empresários como os responsáveis pela escassez.

Nos supermercados, os produtos com preços regulados costumam ser os mais difíceis de encontrar. Por sua parte, o governo defende os controles e acusa "empresas parasitárias" de abusar do esquema estatal de divisas e de contribuir para o desabastecimento cíclico de produtos.

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760 mil toneladas de alimentos receberam autorização do governo venezuelano para serem importadas como medida para enfrentar o alto índice de escassez que afeta o país. Em abril, ele atingiu 21,3%, o maior resultado em cinco anos.