Cuba começou ontem o processo para despedir meio milhão de trabalhadores do serviço público. A medida é uma das principais reformas do presidente Raúl Castro para impulsionar a economia da ilha comunista.
O governo informou que planeja cortar 500 mil servidores públicos de sua inchada folha de pagamento até março. "Cabe a nós o papel de guardiões da reestruturação do trabalho que vai começar", disse o diretor da Federação dos Trabalhadores de Cuba, Salvador Valdés Mesa, de acordo com a estatal rádio Rebelde.
Segundo Valdés, o sindicato iria supervisionar as demissões, inicialmente dirigidas aos trabalhadores dos ministérios do Açúcar, Agricultura, Construção, Saúde Pública e Turismo, para assegurar que sejam realizadas sem "violações, paternalismo, favoritismo ou outra tendência negativa qualquer".
Reforma
Os cortes são parte da reforma implementada por Raúl Castro, que visa acabar com os problemas econômicos da ilha caribenha.
A economia de Cuba, duramente atingida por furacões de 2008 e pela crise financeira global, está insolvente e teve de reduzir drasticamente as importações, congelar contas bancárias locais de empresas estrangeiras e dar o calote de pagamentos a credores nos últimos dois anos.
Raúl Castro quer reduzir o papel do Estado, ao mesmo tempo em que mantém o controle da economia, que terá uma ampliação do setor privado e um Estado que gaste menos.
Na maioria dos casos, os trabalhadores despedidos receberão ofertas de outros empregos, que poderão aceitar ou recusar.
Plano
O plano prevê que cerca de 200 mil trabalhadores demitidos passem a participar de cooperativas, criadas a partir de empresas atualmente controladas pelo Estado.
O governo também começou a emissão de 250 mil novas licenças para autônomos. Pela primeira vez, os trabalhadores independentes vão ser autorizados a contratar trabalhadores.
Os cubanos recebem benefícios sociais como saúde e educação gratuitas, mas ganham em média o equivalente a cerca de 20 dólares por mês.
A segunda rodada de cortes será feita mais tarde. Os sindicatos devem "convencer (os trabalhadores) da necessidade destas medidas para a economia do país, com a segurança de que, no final, ninguém ficará desprotegido", disse Valdés.