O governo de facto de Honduras convidou nesta terça-feira, sem sucesso, o presidente deposto Manuel Zelaya para participar de um gabinete de unidade nacional na tentativa de retomar o acordo firmado em outubro sob a mediação dos EUA e da Organização dos Estados Americanos (OEA), mas que Zelaya considerou como morto.
O governo de facto, liderado por Roberto Micheletti, e o presidente eleito, Porfirio Lobo, estão sob pressão internacional para recompor a ordem institucional, obter reconhecimento para o futuro governo, que toma posse em janeiro, e recuperar a vital ajuda internacional ao país, cortada por causa do golpe de 28 de junho contra Zelaya.
O Ministério da Presidência disse que o chamado governo de unidade estaria aberto a líderes partidários e a uma coalizão de organizações civis favoráveis ao regime de facto, propondo dez pessoas cada uma para participar do gabinete.
Mas o principal assessor de Zelaya, Rasel Tomé, disse à Reuters que o acordo já não faz sentido. "O presidente Zelaya não vai fazer proposta alguma, esse acordo é letra morta. Ele não vai dar aval a este golpe de Estado militar", disse Tomé, que está junto com Zelaya na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde ele se abrigou em setembro, depois de voltar clandestinamente do exílio.
É a segunda vez que o governo de facto convoca um governo de unidade, conforme previsto no acordo entre as partes em conflito.
"Se o ex-presidente Manuel Zelaya não faz uma proposta para o governo de reconstrução, não faz sentido formar um gabinete de unidade e reconciliação", disse o ministro da Presidência, Rafael Pineda, a jornalistas.
Outro item importante do acordo era que o Congresso votaria sobre a restituição de Zelaya. A votação aconteceu na semana passada, e foi contaria à volta do presidente ao poder.
O Brasil e outros países decidiram não reconhecer o resultado da eleição de 29 de novembro por ter sido organizada pelo governo de facto. Eles insistem que Zelaya seja restituído para cumprir o restante do seu mandato.
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